Numa declaração à chegada à sede do Conselho, em Bruxelas, Emmanuel Macron disse partir para o quarto dia de cimeira “com as esperanças possíveis num compromisso”, justificando a sua prudência com o facto de ainda nada estar fechado.

No entanto, o Presidente francês observou que foi possível durante a última madrugada “avançar bastante a nível das regras de funcionamento do Fundo de Recuperação”, assim como do “montante global do fundo e a parte das subvenções, que foi o assunto mais sensível, sem dúvida, dos últimos dias, das últimas horas”.

“Há um espírito de compromisso presente”, considerou, observando que “houve momentos muitos tensos” e ainda haverá “momentos que serão sem dúvida muito difíceis”.

Macron disse que “é preciso entrar agora nos detalhes”, advertindo que um compromisso terá sempre de manter o nível de “ambição” que a profunda crise provocada pela pandemia da covid-19 exige.

“Abordo este dia com muita determinação”, concluiu.

O Conselho Europeu, que decorre em Bruxelas desde sexta-feira de manhã em busca de um acordo para o relançamento europeu após a crise da covid-19, encontra-se já no seu quarto dia, não tendo os líderes chegado ainda a uma plataforma de entendimento em torno do Quadro Financeiro Plurianual para 2021-2027 e o Fundo de Recuperação.

Depois de um jantar de trabalho no domingo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, interrompeu a reunião plenária para consultas, que se prolongaram até perto das 06:00 locais da madrugada de hoje (05:00 de Lisboa). Os trabalhos serão retomados hoje à tarde, pelas 16:00 locais, 15:00 de Lisboa.

Segundo fontes europeias, Michel deverá começar por colocar sobre a mesa uma proposta formal que mantém o montante global do Fundo de Recuperação em 750 mil milhões de euros — como propunha a Comissão –, mas com os subsídios a fundo perdido a pesarem 390 mil milhões de euros, montante que já terá tido ‘luz verde’ dos 27.

Tanto o plano franco-alemão como a proposta da Comissão Europeia defendiam subvenções num montante de 500 mil milhões de euros, algo rejeitado pelos chamados países ‘frugais’ (Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca), que exigiam que as subvenções ficassem abaixo dos 400 mil milhões de euros.

Fontes europeias dizem esperar que Charles Michel apresente também aos 27 uma proposta ligeiramente revista do Quadro Financeiro Plurianual para os próximos sete anos.

Esta é já uma das cimeiras mais longas da história da UE, aproximando-se a passos largos daquela que fixou o recorde, a cimeira de Nice em 2000, que se prolongou por cinco dias.