"A economia portuguesa cairá 8,1% em 2020, reflexo de uma queda homóloga de 9,4% no primeiro semestre e de uma recuperação na segunda metade do ano, que se traduz numa variação homóloga de -6,8%", pode ler-se no documento.

A projeção agora apresentada (que revê 1,4 pontos percentuais em alta a previsão de junho) reflete um impacto mais reduzido do confinamento na economia portuguesa e uma reação das empresas e famílias melhor do que a antecipada, adianta o banco central.

Esta melhoria da projeção "resulta da incorporação das Contas Nacionais Trimestrais, que revelaram que a queda da atividade no segundo trimestre de 2020, não obstante a severidade, não foi tão profunda quanto antecipado", lê-se no Boletim Económico.

Na conferência de imprensa hoje realizada, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno (que tomou posse em julho, após em junho ter saído de ministro das Finanças do atual Governo), disse que a recessão agora projetada está alinhada com a prevista para a zona euro, pelo que "a divergência projetada em junho neste momento não existe em termos de evolução do PIB [Produto Interno Bruto]".

Contudo, explicou Centeno, a composição da queda do PIB é diferente em Portugal e no conjunto da zona euro.

A previsão da queda da Formação Bruta de Capital Fixo (investimento) é menor em Portugal do que na zona euro e também a queda do consumo é menor em Portugal do que no conjunto dos países que partilham a moeda única.

Contudo, acrescentou, a queda das exportações prevista é mais alta em Portugal e penaliza significativamente a economia portuguesa, devido sobretudo às exportações de serviços (que inclui turismo). Segundo o banco central, este ano, as exportações deverão cair 19,5% e as importações 12,4%.

Ainda assim, estas estimativas são melhores do que as previstas em junho (queda das exportações de 25,3% e das importações de 22,4%).

O Banco de Portugal estimou também hoje que, este ano, "a balança de bens e serviços deverá tornar-se deficitária, sendo esta evolução determinante para a deterioração do saldo da balança corrente e de capital para -0,6% do PIB".

Desta forma, "em 2020 a economia portuguesa deverá registar necessidades líquidas de financiamento face ao exterior, interrompendo a sequência de excedentes externos registada desde a anterior crise".

Ainda na conferência de imprensa, Mário Centeno previu que "a recuperação da economia vai continuar", mas que "vai ser cada vez mais lenta". Os próximos semestres, disse, serão "provavelmente os mais difíceis" devido à reafetação de recursos que haverá na economia.

Além disso, admitiu, neste momento a crise pandémica cria muitas incertezas sobre a evolução da economia.

(Notícia atualizada às 16h52)

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