“Relativamente ao ano que agora se inicia, não podemos encará-lo com otimismo. A pandemia está longe de se encontrar debelada, prevê-se novo confinamento, não sendo de excluir outros períodos de encerramento ao longo do ano, e é previsível a continuação de restrições aos horários de funcionamento, com novas diminuições da frequência e continuação da erosão das receitas”, sustenta a Associação Portuguesa de Casinos.
Segundo destaca a associação, “acresce que um controlo da pandemia, mesmo que acontecesse, teria efeitos muito lentos no restabelecimento da frequência dos casinos físicos, dada a alteração de hábitos dos frequentadores que inevitavelmente se está a verificar”.
É que, explica, se os casinos físicos “já se defrontavam com uma concorrência crescentemente agressiva, quer por parte do jogo de Casino ‘online’, quer dos jogos físicos e ‘online’ da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (com destaque para o Placard, a Raspadinha e o Euromilhões)”, em ambiente de pandemia “esta concorrência intensificou-se”.
Isto porque os casinos físicos estiveram fechados “durante quase 30% do ano”, mas também porque, “mesmo com eles abertos, muitos clientes, por razões sanitaristas, passaram a preferir ofertas de jogo que não impliquem a sua presença em público”.
De acordo com a associação, toda esta situação levou já a um “decréscimo abrupto” para metade das receitas dos casinos nacionais no ano passado, que (considerando os proveitos de exploração de máquinas automáticas e de jogos bancados, como o póquer ou a roleta) terminaram com uma quebra de 49,9% relativamente a 2019, num total próximo dos 157,9 milhões de euros, contra 315,2 milhões em 2019.
“As características das explorações dos casinos físicos alteraram-se de forma profunda em 2020, na sequência da pandemia de covid-19. As sucessivas declarações de estado de emergência e de calamidade levaram ao encerramento total dos casinos durante mais de dois meses e meio, de 14 de março até ao início de junho, sendo o seu funcionamento a partir desse mês sucessivamente interrompido por novas obrigações de encerramento em dias determinados”, recorda.
E mesmo após a sua abertura ao público, desde junho, a associação nota que os casinos têm funcionado “em períodos diários menos rentáveis, com obrigatoriedade de encerramento que já chegou a ser às 20:00, sendo, atualmente às 22:00, quando anteriormente o funcionamento diário se verificava até às 03:00, com as horas mais rentáveis a ocorrerem a partir das 23:00″.
Adicionalmente, a oferta de jogos “teve também de decrescer substancialmente, de forma a criar condições para manter o distanciamento físico entre clientes e reunir assim condições para manter os casinos abertos ao público”.
Dos 11 casinos existentes em Portugal para os quais a associação dispõe de dados (falta-lhe informação relativa ao Casino de S. Miguel, nos Açores), os de Lisboa e do Estoril foram os que registaram em 2020 a maior descida nas receitas brutas: O Casino de Lisboa, que lidera no volume de jogo no país, com uma quota de 24,3%, fechou o ano com uma quebra de 54,6% face a 2019, para 38,4 milhões de euros, enquanto o casino do Estoril faturou praticamente 30 milhões de euros, menos 52,2%.
No ‘ranking’ das maiores quebras segue-se o Casino da Praia da Rocha, em Portimão, no Algarve (-50,5%, para cinco milhões de euros), o Casino da Póvoa de Varzim (-48,8%, para 23,2 milhões de euros), o de Espinho (-47,2%, para 25,8 milhões de euros), o de Monte Gordo (-45,6%, para 3,2 milhões de euros) e o da Madeira (-45,4%, para 5,1 milhões de euros).
Já o Casino da Figueira da Foz viu os proveitos recuarem praticamente 45%, faturando pouco mais de nove milhões de euros, seguindo-se o Casino de Chaves (-44,7%, para perto de 4,5 milhões de euros), o de Vilamoura (-44,6%, para 10,7 milhões de euros) e o de Troia, que registou a menor quebra (-31,2%, para 2,8 milhões de euros).
Considerando o total dos três casinos algarvios, explorados pelo grupo Solverde, a quebra de receitas ascendeu a perto de 46,5%, com a faturação a passar de 35,4 milhões de euros em 2019 para menos de 19 milhões de euros em 2020.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.236 pessoas dos 507.108 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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