Segundo Pedro Machado, esta tendência deverá manter-se nos meses de janeiro e fevereiro de 2021.
O responsável salientou que "as medidas anunciadas pelo Governo, nomeadamente o programa Apoiar, estão neste momento a ser recebidas com alguma satisfação", mas que não são "suficientes para inverter a tendência da perda de receita e, muito em particular, da diminuição do número das reservas".
"Sobretudo, quando está anunciada a suspensão de muitas festividades associadas à passagem de ano ou quando muitas estão a ser substituídas por festas que podem ser acompanhadas ‘online", sublinhou.
A juntar a este cenário, Pedro Machado acrescenta "a perda compulsiva do mercado espanhol, que eram normalmente turistas que vinham para o centro de Portugal e, em particular, para as festas com maior dimensão", como é o caso de Aveiro, Figueira da Foz, Mira, Nazaré e Santa Cruz (Torres Vedras).
"São normalmente festividades muito fortes na passagem de ano e que este ano não vão poder contar com o mesmo número de portugueses e, particularmente, não vão poder contar com o número significativo de turistas espanhóis que estavam habituadas a receber nos anos transatos", frisou.
Além disso, 45 estabelecimentos turísticos da região Centro vão estar fechados, "o que é um dado preocupante, pois normalmente não existia esta tendência de encerrar tantos estabelecimentos turísticos durante o período de Natal e de final do ano".
"A única janela de oportunidade que acredito possa vir a acontecer será se o Estado conseguir cumprir o primeiro e o segundo ciclos de vacinação, no sentido de reforçar a confiança dos mercados, sobretudo os mercados emissores que estão agora a vacinar, como é o caso do Reino Unido, Alemanha e França, entre outros", previu o presidente do TCP.
Pedro Machado considerou que a situação pode melhorar, "se estes países fizerem a escolha óbvia em 2021, que é Portugal, por ser um destino que está num raio de duas ou três horas de avião, e que está a vacinar, à semelhança dos países europeus, e é a alternativa válida a destinos como o Brasil, Estados Unidos ou África".
O responsável adiantou ainda que, em novembro, "mais de 49% das empresas de alojamento registaram quebras superiores a 90% na faturação".
Mais grave, salientou, é que "mais de 25% das empresas não conseguiram pagar os salários em novembro e 09% pagou uma parte dos salários".
"Cerca de 26% das empresas tiveram de recorrer a financiamento, nomeadamente bancário, para poderem pagar os salários dos seus trabalhadores no mês de novembro", acrescentou.
Neste cenário, o presidente do TCP considera "muito preocupante que mais de 14% das empresas assuma que não vai conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano".
De acordo com Pedro Machado, as perdas entre março e novembro de 2020, comparado com o período homólogo de 2019, são muito relevantes, com 49% dos estabelecimentos turísticos a registarem "perdas de receitas superiores a 50%".
"Apenas 7,9% tiveram perdas abaixo destes números [dos 50%], que variam entre os 20/25/30%", disse o responsável, referindo que, de acordo com o último barómetro da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), calcula-se que "ao nível da restauração e do alojamento existem números muito superiores a estes, nomeadamente ao nível da faturação".
Pedro Machado referiu ainda que "29% das empresas exploram os seus negócios em espaços arrendados e destas 54% tinham tentado reduzir o valor da renda", mas sem sucesso.
Segundo o presidente da TCP, "42% dos arrendatários já estavam com rendas em atraso, ou seja, praticamente entre cinco e mais meses de rendas em atraso".
"Este balão que o Governo anunciou vai poder inverter um pouco esta tendência, mas não acredito que seja suficiente para a ultrapassar, sobretudo aquilo que é a expectativa de perda que se calcula que possa vir a acontecer nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, que são os mais críticos", sublinhou.
Desde o início do Estado de Emergência, 28% das empresas efetuaram despedimentos, o que significa que, "destas, mais de 33% reduziram o quadro de pessoal entre 25 a 50%, e cerca de 27% destas empresas reduziram em mais de 50% os seus postos de trabalho".
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