“Neste momento, o que sabemos e já podemos afirmar é que cerca de 60% dos hotéis tiveram cancelamentos diretos para os próximos dois a três meses e que 40% desses cancelamentos pediram reembolsos de dinheiro dos pagamentos já efetuados”, quantificou Elidérico Viegas.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) disse que estes valores estão a ser alvo de “levantamento em regime de permanência junto dos hotéis” e podem comprometer a atividade para a Páscoa e para a próxima época alta.
Nesse sentido, defendeu a necessidade de adotar medidas para atrair visitantes dos mercados nacional e espanhol, para compensar as perdas resultantes destes cancelamentos, nomeadamente, a “abolição de portagens” na Via do Infante (A22).
“Abolir as portagens na Via do Infante é uma forma de esbater as perdas resultantes dos cancelamentos diretos e potenciar o turismo de Espanha para cá, mas também o próprio mercado interno”, referiu, lembrando que estes mercados podem chegar à região em transportes privados e sem o risco de contágio em voos ou aeroportos, na base dos cancelamentos já registados.
Segundo Elidérico Viegas, “ainda não houve nenhum caso” de contágio nos hotéis algarvios, no entanto, alertou que é necessário que as autoridades de saúde dotem os hotéis e empreendimentos de manuais com os procedimentos que devem adotar caso surja algum caso dentro das unidades de alojamento.
“O único problema que temos aqui é que as entidades oficiais e responsáveis desta área da saúde continuam sem dotar os hotéis e os alojamentos de manuais de procedimentos para saber como agir em casos suspeitos de infetados”, criticou.
Esta informação “ainda não chegou e já devia ter chegado” e o “bom senso aconselhava” a que as entidades oficiais passassem informação e criassem linhas de apoio telefónico para turistas e para hotéis, para saberem “que procedimentos adotar”.
A mesma fonte esclareceu que os “hotéis, embora não estejam obrigados a devolver o dinheiro, reembolsaram os clientes”, realçando que “os eventos que estavam previstos para os próximos tempos foram todos ou cancelados ou transferidos para o final do ano”, ou para depois do verão.
“Mais preocupante para nós, neste momento, é a diminuição das reservas para a época turística, ou seja, estamos numa situação em que as reservas estão a cair a pique, não por causa dos hotéis, mas pelo receio dos viajantes relativamente a contágios nas viagens de avião e aeroportos”, argumentou.
Elidérico Viegas considerou que o surto provocado pelo novo coronavírus está a ter “um processo evolutivo que se altera a todas as horas”, sendo necessário dar “mais força” ao turismo “quer interno, quer espanhol”, devido” à proximidade até da Páscoa e ao receio de que as pessoas não viajem”.
(Notícia corrigida às 18:37)
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