“É importante que as empresas façam agora os seus planos de investimento e se preparem para responder às necessidades de um mercado que vai conhecer um movimento de crescimento do investimento público inédito nos últimos anos, que vai gerar um investimento privado também muito significativo, e em que as empresas vão precisar de sistemas tecnológicos e digitais e de bens de equipamento”, afirmou Pedro Siza Vieira no encerramento da conferência ‘online’ “Economia Loures 2020: Inovação e investimento na pós-pandemia”.
“É bom que as empresas se preparem, que preparem os seus planos de investimento e se capacitem para responder a esta procura acrescida”, acrescentou.
Embora admitindo que, “durante os próximos tempos, vão ser várias as angústias das empresas” devido à crise gerada pela pandemia de covid-19 - “a procura estará hesitante, os consumidores retrairão intenções de aquisição de bens e muita da produção ainda estará interrompida” - o ministro apontou o “volume inédito de recursos financeiros” de que o país irá dispor “nos próximos anos” como uma oportunidade para “um relançamento o mais vigoroso possível” da economia portuguesa.
“Por um lado, entra em vigor o próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia e, em cima disso, sabemos que o fundo de reconstrução que a Europa preparou permite ao país dispor de um volume adicional de recursos financeiros para gastar nos próximos dois ou três anos”, sustentou.
Para Siza Vieira, “estes recursos financeiros adicionais, bem aplicados em investimentos reprodutivos e que possam melhorar a produtividade da economia e a competitividade das empresas, irão colocar [Portugal] num patamar diferente”.
Assim, disse, “é importante que o movimento de investimento se faça naquilo que o país mais precisa: apostar na qualificação das pessoas, na inovação do sistema produtivo e na capacidade de investir para aumentar o valor acrescentado dos produtos e das empresas”.
“Esses recursos financeiros estarão disponíveis para melhorarmos as nossas infraestruturas físicas, as nossas infraestruturas digitais, para requalificarmos as nossas empresas na digitalização de processos e produtos, para apostarmos na educação dos portugueses e na qualificação dos nossos centros de investigação, do nosso sistema científico e tecnológico, dos centros tecnológicos que apoiam a nossa indústria”, salientou.
Para o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, “o pior” da crise pandémica “terá sido durante o mês de abril”, sendo agora tempo de “gradualmente abrir a atividade”.
E, se o período de confinamento revelou “tendências que já se adivinhavam anteriormente”, acelerando “em vários anos” a transição digital, as empresas portuguesas “revelaram uma flexibilidade e uma capacidade de adaptação aos novos tempos absolutamente extraordinárias”.
“Muitas das nossas empresas readaptaram toda a sua atividade produtiva para responderem a necessidades que imediatamente surgiram num novo contexto. Passámos a produzir bens que nunca tínhamos produzido antes, como equipamentos de proteção individual altamente especializados e ventiladores invasivos, num esforço muito grande da nossa engenharia e da nossa medicina para responder rapidamente às novas necessidades. E fomos capazes de adaptar a resposta dos nossos serviços de saúde a todas estas novidades”, recordou.
Convicto de que as empresas nacionais revelaram durante este período “as melhores qualidades” daquilo que descreve como “o modelo económico português” – “capacidade de responder de forma muito rápida, com uma grande flexibilidade, elevada qualidade e a um preço muito competitivo às solicitações do mercado” – Pedro Siza Vieira defendeu que é precisamente “nestas características que a economia e as empresas precisam de continuar a apostar nos próximos tempos”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 350 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Cerca de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.356 pessoas das 31.292 confirmadas como infetadas, e há 18.349 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (cerca de 2,5 milhões, contra mais de dois milhões no continente europeu), embora com menos mortes (mais de 149 mil, contra mais de 173 mil).
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.
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