“Vamos ter de intensificar a ação reivindicativa para exigir respostas aos problemas dos trabalhadores e do país. Esta é a nossa prioridade porque o Governo do PS não deu as respostas necessárias nos últimos seis anos porque não quis”, disse a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, à agência Lusa, a propósito dos resultados das eleições legislativas de domingo.
Para a sindicalista, a maioria absoluta conseguida pelo PS pode ser uma forma de este partido “continuar, sem quaisquer amarras, a tomar as opções que tem vindo a tomar e que não são favoráveis aos trabalhadores”.
“Por isso, temos consciência de que só com a luta dos trabalhadores serão conseguidas respostas às suas reivindicações”, acrescentou.
A comissão executiva da Intersindical, que hoje se reuniu, emitiu um comunicado relativo aos resultados das eleições legislativas, no qual considerou que “os problemas com que os trabalhadores e as suas famílias estão confrontados, os baixos salários, a precariedade, os bloqueios à contratação coletiva, o acentuar das desigualdades (…) exigem uma resposta efetiva”.
“Exige-se uma resposta do Governo. Face a uma maioria absoluta que tenderá a elevar a resistência do PS na resolução dos problemas, é ainda mais necessária a organização, unidade e luta dos trabalhadores”, diz a nota de imprensa.
A CGTP realiza nos dias 17 e 18 de fevereiro reuniões do Conselho Nacional e Plenário de Sindicatos, nas quais será analisado “o quadro político resultante das eleições legislativas e a ação e intervenção a desenvolver para exigir resposta às reivindicações dos trabalhadores, para a qual será fundamental a continuação e aumento da intensa luta que tem vindo a ser desenvolvida, em todos os setores e em todo o país, garantindo a valorização do trabalho e dos trabalhadores, o direito ao emprego com direitos, a defesa e reforço do Serviço Nacional de Saúde e de todos os serviços públicos, a promoção do desenvolvimento soberano do país”.
Para a central sindical, os resultados das eleições de domingo “confirmam a rejeição dos projectos de aumento da exploração e destruição dos serviços públicos e Funções Sociais do Estado dos partidos mais à direita”, e traduzem um aumento da votação no Partido Socialista, cuja maioria absoluta resultou de uma campanha eleitoral bipolarizada que conduziu “ao voto útil e à redução da votação, nomeadamente, na CDU e no BE”.
“A forma como decorreu a campanha eleitoral e as sondagens levaram a que muitos trabalhadores temessem o regresso de uma coligação de direita e mudassem o seu voto para o PS”, considerou Isabel Camarinha.
Isabel Camarinha salientou ainda “o preocupante crescimento da extrema-direita e do populismo” a par da redução de votos na esquerda.
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Com 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando estão ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.
O PSD ficou em segundo lugar, com 27,80% dos votos e 71 deputados, a que se somam mais cinco eleitos em coligações na Madeira e nos Açores, enquanto o Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado, e o Livre, com 1,28% também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer parlamentar.
A abstenção desceu para os 42,04% depois nas legislativas de 2019 ter alcançado os 51,4%.
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