“No pior dos casos, as medidas [comerciais] atuais poderão significar uma baixa de 0,5 pontos do PIB mundial”, declarou Lagarde, no primeiro dia do encontro de ministros das Finanças e governadores de bancos centrais das maiores economias mundiais (19 países mais a União Europeia) que se realiza hoje e domingo em Buenos Aires.
Os Estados Unidos endureceram a sua política comercial nos últimos meses, erigindo barreiras aduaneiras e ameaçando os países que têm trocas comerciais com o Irão com sanções.
“Esta guerra comercial fará apenas perdedores, destruirá empregos e pesará no crescimento mundial. Queremos chamar os Estados Unidos à razão, para que respeitem as regras multilaterais e os seus aliados”, disse à agência noticiosa francesa AFP o ministro francês da Economia e das Finanças Bruno le Maire.
Por outro lado, o secretário norte-americano do Tesouro Steven Mnuchin apelou à China e aos Estados Unidos para que façam concessões no sentido de chegar a uma relação comercial mais equilibrada, após as declarações incendiárias de Donald Trump que tratou Pequim, Bruxelas e Moscovo como “inimigos” comerciais.
Os Estados Unidos estão empenhados em reduzir o seu défice comercial com a China (376 mil milhões de dólares em 2017) e Trump ameaçou impor tarifas sobre todas as importações chinesas, que somaram 500 mil milhões de dólares em 2017.
Mnuchin reforçou as observações do presidente dos EUA, dizendo que esta era "realmente uma possibilidade realista". "Fomos muito claros sobre nossos objetivos", acrescentou.
Para os europeus, Steven Mnuchin renovou a mensagem americana entregue no G7: "Se a Europa acredita no livre comércio, estamos prontos para assinar um acordo de livre comércio sem direitos alfandegários ou subsídios".
Pequim acusa Washington de querer provocar "a pior guerra comercial da história económica" e retaliou impondo tarifas sobre os produtos norte-americanos.
No encontro estão previstas conversas bilaterais entre Mnuchin e seus pares franceses, alemães, japoneses, canadenses, sul-coreanos, italianos e mexicanos.
O protecionismo da Casa Branca afeta Pequim, mas também os seus principais parceiros, como a União Europeia, o Canadá ou o México.
Numa tentativa de apaziguar as relações com os Estados Unidos, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deve ir a Washington na quarta-feira, onde se encontrará com o presidente dos Estados Unidos.
Segundo a chanceler alemã, Angela Merkel, a Europa está "pronta" para responder se os Estados Unidos aumentarem seus impostos sobre as importações de veículos europeus, uma preocupação importante para os fabricantes alemães.
O G20 abordará neste fim de semana as ameaças ao crescimento global e o risco de crise nos países emergentes, bem como a tributação dos gigantes digitais, que atualmente são pouco tributados.
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