A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial entre 22 e 26 de maio, e surge após 178 milhões de euros e 97,9 milhões de euros nas duas semanas anteriores.
Segundo o documento, consultado pela Lusa, as divisas disponibilizadas – mantêm-se exclusivamente em euros há mais de um ano -, em vendas diretas equivalentes a 161,8 milhões de dólares, cobriram novamente as necessidades de divisas do setor petrolífero (17,9 milhões de euros) e as operações da Indústria (13,6 milhões de euros), mas também do setor da Saúde (8,9 milhões de euros).
Foram igualmente disponibilizadas divisas para a cobertura de salários de trabalhadores expatriados em leilão de preço (17,9 milhões de euros) e para garantir operações com Cartas de Crédito (48,1 milhões de euros).
As operações das casas de câmbio (2,2 milhões de euros) e das empresas operadores de remessas para o exterior (2,2 milhões de euros) voltaram a ser contempladas com divisas pelo banco central, na última semana.
Angola enfrenta desde finais de 2014 uma crise financeira e económica, com a forte quebra das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.
Esta conjuntura levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
Além disso, devido à suspensão de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários para compra de dólares desde 2016, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA, no caso euros, como explicou em abril o governador do banco central.
“Não poderíamos ter o azar de os bancos correspondentes deixarem de fazer operações em euros. E havia este risco. Já perdemos as operações em dólares. Se perdêssemos as operações em euros era uma catástrofe para Angola, porque Angola deixaria de importar medicamentos, alimentação e todos os outros produtos necessários”, disse Valter Filipe.
O governador do BNA admitiu que a redução do preço do barril do petróleo em 60%, durante os anos de 2014 e 2015, levou a uma crise económica e financeira com impactos também a nível cambial, com o país a perder as suas reservas internacionais.
“Em menos de seis meses, Angola entraria em situação de crise cambial. Em outros termos, Angola deixaria de ter dinheiro suficiente para importar as mercadorias necessárias para o consumo interno”, disse ainda Valter Filipe, justificando desta forma as restrições impostas à venda de divisas nos bancos comerciais desde 2015.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada pelo banco central no final da última semana, manteve-se praticamente inalterada nos 166,741 kwanzas por cada dólar e nos 186,295 kwanzas por cada euro.
No mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 380 kwanzas.
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