Para Paulo de Morais, ex-candidato à presidência da República e fundador do movimento Frente Cívica, os relatórios assinados por Álvaro Nascimento, chairman da administração cessante da Caixa Geral de Depósitos (CGD), por  José de Matos, ex-presidente executivo, e pelo professor Paz Ferreira, presidente da comissão de auditoria, pela sociedade de revisores oficiais de contas não evidenciam a necessidade de recapitalização que tem sido assumida publicamente. “Todos dizem, sem excepção, e o último é de 10 de Agosto, que a CGD está superavitária em termos de liquidez e que está bem em termos de solvência”.

É com base nesta informação que considera que “em relação à Caixa Geral de Depósitos, têm sido mentiras umas atrás das outras. A maior de todas, e mais cara, é a necessidade de capitalização. E o que eu tenho a dizer sobre isto, é que é mentira: a CGD não tem de ser recapitalizada”.

Os próprios testes de stress, adianta, referem que a Caixa só precisaria de um aumento de capital se nos próximos três anos Portugal passasse por uma recessão de mais de 5%. “Ou seja, se Portugal entrar numa crise louca. Por isso eu digo: é mentira. E não me parece correcto que se vá pedir 500 euros a cada português para recapitalizar um banco cujos documentos dizem que isso não é necessário”.

O que justifica, na opinião de Paulo de Morais, a injecção de capital são razões políticas. “Falei com alguns especialistas e percebi que a maioria nem tinha lido os documentos da CGD. É lamentável que haja tantos economistas famosos a explicar ao povo o que se passa na Caixa e não tenham tido, no mínimo, o cuidado de ler os documentos internos do banco. Para que é que o governo e alguns partidos querem meter na caixa milhões de euros a mais? Das duas, uma: ou é para encharcar o mercado de dinheiro para o crédito ao consumo, que normalmente tem um grande efeito eleitoral, ou então é para alimentar as autarquias em ano eleitoral”.

Isto, sublinha, porque não encontra outra razão através da leitura dos documentos e relatórios que conhece do banco. “Portanto, como não suspeito ao mesmo tempo de Álvaro Nascimento, de José de Matos, dos auditores externos, de Paz Ferreira, e assumindo que essas pessoas não estão todas conluiadas num esquema perverso, quero então dizer que tenho de acreditar nos documentos da Caixa”.