De acordo com os dados da balança de pagamentos, publicados pelo regulador da banca, esta evolução reflete a diminuição do défice da balança de bens, de 531 milhões de euros, uma vez que as exportações cresceram mais do que as importações (1.223 milhões de euros e 692 milhões de euros, ou 3,3% e 1,4%, respetivamente), bem como o aumento do excedente da balança de serviços, de 3.808 milhões de euros, tendo a evolução do saldo de viagens e turismo justificado mais de metade da variação com um aumento de 1.942 milhões de euros.

Adicionalmente, reflete também o aumento do excedente da balança de capital, de 725 milhões de euros, devido essencialmente ao maior recebimento de ajudas ao investimento e à maior cedência de licenças de carbono.

Segundo o BdP, a capacidade de financiamento da economia portuguesa no primeiro semestre traduziu-se num saldo da balança financeira de 2.849 milhões de euros, refletindo o aumento dos ativos sobre o exterior, de 6.690 milhões de euros, resultante do investimento das administrações públicas e de bancos em títulos emitidos por não residentes (2.863 milhões de euros e 945 milhões de euros, respetivamente), e ainda o acréscimo dos empréstimos concedidos por empresas a entidades não residentes (2.339 milhões de euros).

Reflete ainda a subida dos passivos, de 3.841 milhões de euros, devido, sobretudo, ao aumento dos depósitos de não residentes nos bancos nacionais (8.157 milhões de euros), e que foi parcialmente compensado pela redução dos passivos externos do banco central (-5.805 milhões de euros).

O BdP detalhou que os setores que mais contribuíram para a variação positiva dos ativos líquidos de Portugal perante o resto do mundo foram o banco central (6.981 milhões de euros), as administrações públicas (4.417 milhões de euros), e as instituições financeiras não monetárias (1.578 milhões de euros).

Já a posição de investimento internacional do país passou de -84,7% do PIB anual (-202.700 milhões de euros), no final de 2022, para -77,6% do PIB (-195.600 milhões de euros), no final de junho de 2023, tratando-se do rácio menos negativo da posição de investimento internacional desde o terceiro trimestre de 2006.

Quanto à dívida externa líquida, reduziu-se de 67,6% do PIB (161.600 milhões de euros), no final de 2022, para 61,4% (154.700 milhões de euros), no segundo trimestre de 2023, tratando-se do rácio mais baixo observado desde junho de 2007.

Numa análise ao mês de junho, o saldo das balanças corrente e de capital foi de 1.600 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 1.100 milhões de euros relativamente ao mesmo mês de 2022, o que traduz um aumento de 1064 milhões de euros em relação ao mês homólogo, em resultado da redução, de 265 milhões de euros, do défice da balança de bens, para 1.912 milhões de euros.

Relativamente ao mesmo mês de 2022, esta redução deveu-se a descidas das importações, de 510 milhões de euros (5,6%), e das exportações, de 246 milhões de euros (3,6%), ao aumento do excedente da balança de serviços, de 800 milhões de euros, para 2.574 milhões de euros.

Já as exportações e as importações de serviços aumentaram, respetivamente, 22,3% e 1,9% relativamente a junho de 2022, refletindo, sobretudo, o contributo das viagens e turismo (+297 milhões de euros) e dos serviços de transporte (+214 milhões de euros).

As exportações de viagens e turismo totalizaram 2.111 milhões de euros, o valor mais elevado da série para um mês de junho.