Vários grupos imobiliários do país estão a tentar reduzir a sua dívida depois de os reguladores terem imposto limites na alavancagem do setor. Isto alimenta receios sobre possíveis incumprimentos e turbulência nos mercados financeiros.
No caso mais mediático, os investidores temem que o grupo Evergrande, a construtora mais endividada do mundo, com um passivo de cerca de 260 mil milhões de euros, falhe o pagamento das suas dívidas.
“Uma desaceleração mais acentuada do que o esperado no setor imobiliário pode ter uma ampla gama de efeitos negativos na procura global”, disse o FMI, num relatório sobre a economia chinesa.
O imobiliário e a construção representam mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país e servem de motor para muitos outros setores, tendo desempenhado um papel fundamental na recuperação pós-pandemia.
Para o FMI, no pior dos cenários, uma “desaceleração repentina e dramática do crescimento na China, teria repercussões globais” no comércio internacional e no preço das matérias-primas, alertou o Fundo.
A instituição, com sede em Washington, reduziu a sua previsão de crescimento para a China para 4,8% este ano, menos 0,8%, face à projeção para outubro.
A economia do país cresceu 8,1%, em 2021.
O FMI apontou ainda para a prolongada incerteza “em relação ao vírus e à eficácia das vacinas” contra a covid-19.
A China mantém uma política de “zero casos”, que envolve a imposição de restrições nas entradas no país, com quarentenas de até três semanas, e testes em massa e medidas de confinamento seletivas quando um surto é detetado.
O país mantém as fronteiras encerradas desde março de 2020.
Estas medidas permitiram ao país asiático conter o vírus a partir da primavera de 2020 e retornar a uma vida quase normal, mas pesam agora muito sobre a atividade económica e o consumo.
Muitos setores, incluindo transportes, turismo ou restauração, ainda não voltaram ao nível de 2019.
Este ano, o vírus “vai continuar a dificultar a recuperação do consumo” na China, alertou o FMI.
Citada pela agência France Presse, a vice-diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, afirmou esta semana que a China deve “reajustar” a sua estratégia atual de combate à covid-19.
Com a variante Ómicron, que é muito mais contagiosa, mas menos perigosa, Gopinath estimou que mais confinamentos na China podem ter um “impacto negativo na economia”.
“Isto cria o risco não apenas de desacelerar o crescimento, mas também terá consequências muito significativas para as cadeias de fornecimento globais”.
Pequim recusou, no entanto, aquela possibilidade, e defendeu que o país continua a servir como um “motor da recuperação económica global”.
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