As dificuldades com o pagamento da dívida externa já existiam antes de 2020, admitiu o diretor adjunto do departamento de Estratégia, Política e Revisão do FMI, mas o fim da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) do G20 no final de 2021 fez voltarem as pressões sobre a liquidez dos países.

Se a pandemia de covid-19 exacerbou os desafios daqueles países, “o endurecimento das condições financeiras no mundo devido à normalização da política monetária pelos Estados Unidos, mas também a guerra na Ucrânia, pioraram [a situação]”, vincou Chabert, referindo a disrupção no comércio e o aumento de preços.

O responsável falava no ‘webinar’ sobre “Sustentabilidade da dívida africana e necessidades de financiamento”, organizado pelo centro de estudos Chatam House.

O economista francês adiantou que os pagamentos da dívida externa em 2022 vão superar os nível pré-pandemia, pois, com o fim do DSSI, os países têm não só de aumentar os pagamentos mas também pagar maturidades que foram diferidas em 2020.

Segundo o FMI, entre os 36 países africanos elegíveis para DSSI, 21 estão atualmente classificados como de alto risco ou em sobreendividamento.

“Alguns vão precisar de reestruturamento da dívida e vamos precisar de um mecanismo funcional. (…) Progressos são necessários urgentemente”, defendeu Chabert, sugerindo que o instrumento que substitui o DSSI, o Enquadramento Comum para a Reestruturação da Dívida, seja estendido a outros países que não elegíveis para o DSSI, mas que também têm grandes desafios com a dívida.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 549 mortos e mais de 950 feridos entre a população civil e provocou a fuga de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.