Uma auto-alimentação da inflação através do seu efeito sobre o aumento dos salários é o pesadelo dos bancos centrais, já que provocaria dificuldades nas suas ações para desacelerar o aumento dos preços.
É para evitar este risco que os principais bancos centrais, começando pela Reserva Federal norte-americana e pelo Banco Central Europeu, avançaram com um rápido aumento das taxas de juro, afim de evitar que os atores económicos se antecipassem.
Segundo o FMI, a espiral ainda não se concretizou devido à combinação de três fatores: os choques inflacionistas permanecem externos ao mercado de trabalho, a queda dos salários reais ajuda a reduzir a inflação e à ação resoluta dos bancos centrais.
Embora se observem alguns aumentos salariais, são sobretudo reflexo de um desemprego particularmente baixo em alguns países, como os Estados Unidos, onde a falta de mão de obra leva os empregadores a oferecer uma remuneração mais atraente para atrair funcionários.
Para apurar a existência deste risco, o relatório baseou-se no estudo de episódios semelhantes nos últimos 50 anos, e conclui em regra não se registou uma espiral de salários-preços.
O FMI salienta que se registaram até aumentos graduais de salários após o choque inflacionista, com o objetivo de aproximar os salários reais do nível anterior.
A instituição realça, no entanto, que a ausência de uma espiral preços-salários não deve levar os líderes a não agirem para combater a inflação persistente.
É necessário evitar, estima a organização, que as antecipações de inflação que se avizinham levem os trabalhadores a exigirem aumentos salariais ainda mais fortes, de forma a integrarem a subida esperada dos preços.
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