“Vamos levar algum tempo para realizar a nossa própria avaliação nacional, completa, independente e transparente do acordo, que nos permitirá definir a posição das autoridades francesas”, disse Le Drian em Brasília, após uma reunião com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo.

Em 28 de junho, a União Europeia e o Mercosul fecharam um Acordo de Associação Estratégica que criará uma das maiores áreas de comércio livre do mundo, anunciaram ambos os blocos.

Depois de 20 anos de negociações, os dois blocos concluíram negociações para um acordo “sem precedentes” na relação entre a Europa e a América Latina.

O acordo alcançado em Bruxelas integra um mercado de 780 milhões de habitantes com cerca de 100 mil milhões de euros em comércio bilateral de bens e de serviços, responsável por cerca de 25% do comércio mundial.

As declarações do chefe da diplomacia francesa refletem uma das dificuldades para a entrada em vigor do acordo de comércio da UE com o Mercosul, que deve ser ratificado pelos parlamentos dos países europeus e do bloco sul-americano para ser válido.

Os termos do acordo enfrentaram resistência dos agricultores em França, que temem uma invasão de alimentos do Mercosul, e de ambientalistas, para quem o tratado pode incentivar o desmatamento da Amazónia brasileira.

Também políticos de vários partidos, incluindo do Presidente francês, Emmanuel Macron, defenderam que a assinatura do acordo económico deveria ser condicionada ao compromisso do Brasil para com o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.

Bolsonaro anunciou durante a campanha eleitoral que o Brasil deixaria o Acordo de Paris, embora tenha mudado de ideia e, depois de um recente encontro com Macron, tenha garantido que respeitará o pacto global.

Le Drian elogiou a decisão do chefe de Estado brasileiro e disse que a França manterá uma posição “construtiva” e “exigente”, tanto em relação ao acordo comercial quanto à implementação do Acordo de Paris e aos compromissos de preservação da amazónia.

Segundo o ministro francês, na análise do acordo de livre comércio entre os dois blocos o Governo do seu país terá em conta o cumprimento do Acordo de Paris e o respeito pelas normas ambientais e sanitárias, bem como a proteção de segmentos agrícolas sensíveis.