Já na página oficial da ANA contam-se 19 voos cancelados até às 23:49 de domingo, entre partidas e chegadas.
Segundo o dirigente do SINTAC - Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), um dos seis sindicatos dos trabalhadores da Portway, as próprias companhias aéreas, "receando que se verificasse o mesmo que aconteceu durante a greve de 27, 28 e 29 de dezembro de 2019, a partir das 16:00 de hoje decidiram, por completo cancelar, os seus voos".
A greve dos trabalhadores da empresa de handling, marcada para este domingo, terminou à meia-noite.
Mas segundo o dirigente do SINTAC, a greve vai prolongar-se até 31 de março, e será feita de uma forma "completamente esporádica e aleatória, porque a empresa vai, de alguma forma, ter de perceber que tem de cumprir".
A ANA - Aeroportos de Portugal já tinha confirmado no domingo à tarde os “constrangimentos” no aeroporto do Porto, devido à greve dos trabalhadores da empresa de ‘handling’ Portway, e sugeriu aos passageiros que contactassem as companhias para obterem mais informações.
“A ANA confirma constrangimentos na operação das companhias aéreas assistidas pela Portway, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, por motivo de greve, pelo que sugere aos passageiros com voo marcado para hoje [domingo] neste aeroporto que contactem a respetiva companhia aérea para obtenção de mais informação”, disse à Lusa fonte oficial da gestora dos aeroportos.
A mesma fonte sublinhou, na altura, que “a operação nos restantes aeroportos decorre com normalidade”.
“Os trabalhadores decidiram, num ato inesperado, e com grande surpresa para nós, fechar as operações desde as 16:00”, disse Fernando Simões, do SINTAC, acrescentando que a gare do aeroporto do Porto se encontrava na altura “totalmente lotada com passageiros a querer saber mais informações”.
Segundo o sindicalista, deveriam ser afetados cerca de 3.800 passageiros.
Os trabalhadores da Portway estão em greve sobretudo pela falta de progressão das carreiras e por a empresa não ter chegado a acordo na reunião que teve, juntamente com os sindicatos, na semana passada no Ministério do Trabalho.
Num comunicado divulgado no domingo, a Portway revelou que o SINTAC “inviabilizou uma solução de diálogo” proposta pela empresa, no passado dia 08 de janeiro.
“Esta proposta, para retomar o diálogo construtivo interrompido em novembro pelo SINTAC, constituía um compromisso da empresa para a obtenção de consenso global com as estruturas sindicais no mais curto período de tempo. Este compromisso foi recusado pelo SINTAC. Este sindicato decidiu dar seguimento à greve e inviabilizar uma solução de diálogo”, pode ler-se no documento.
No comunicado, a Portway reafirma a sua postura “construtiva e socialmente responsável”, recordando que, em março de 2016, para evitar o despedimento coletivo, após decisão de montagem de operação de “self-handling” por parte de um importante cliente, “a empresa negociou um Acordo de Empresa (AE), introdução de regras de flexibilidade na organização do trabalho e congelamento da progressão dos salários e carreiras”.
A empresa refere também que em novembro passado fez “a atualização de tabelas, carreiras, anuidades e restantes condições remuneratórias”, conforme previsto no AE, “representando um aumento médio global de remunerações de cerca de 8%”.
Em 20 de dezembro, o SINTAC anunciou um pré-aviso de greve na Portway para os dias 27, 28 e 29 de dezembro nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal e para o trabalho aos fins de semana, entre 01 de janeiro e 31 de março.
Na altura do pré-aviso de greve, o SINTAC, em comunicado, indicou que decidiu avançar para a greve, porque a empresa, "através dos seus administradores pertencentes ao grupo Vinci, “não cumpriu o devido descongelamento de carreiras no passado mês de novembro conforme tinha assinado em 2016".
A Portway é a empresa de “handling” (assistência em terra) da ANA – Aeroportos de Portugal, dona dos aeroportos nacionais que foi privatizada e ficou nas mãos do grupo Vinci.
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