Em 01 de outubro aconteceu a primeira greve nacional dos trabalhadores bancários desde 1988, contra os despedimentos nos bancos BCP e Santander Totta, convocada por todos os sindicatos do setor bancário.
No ano de 2021 voltaram os grandes processos de reestruturação nos principais bancos, que passaram nomeadamente pela saída de milhares de trabalhadores. BCP e Santander Totta foram os que tiveram processos mais ‘agressivos’, avisando mesmo que os trabalhadores que não saíssem por acordo (rescisão por mútuo acordo ou reforma antecipada) seriam abrangidos por despedimentos coletivos, o que levou os sindicatos a acusar os bancos de repressão laboral e de chantagem, considerando que forçam os empregados a aceitar sair ao mesmo tempo que têm elevados lucros.
O BCP vai fechar o ano com menos 800 trabalhadores, sendo que 23 são alvo de despedimento coletivo (abaixo dos 62 iniciais, após reuniões entre banco, comissão de trabalhadores e a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho) e os restantes saem por acordo com o banco.
Já no Santander Totta, até setembro tinham saído do banco 541 funcionários e são 145 os trabalhadores alvo de despedimento coletivo. O número de trabalhadores que sairá no total do ano deverá ser ainda mais elevado, já que incluirá os que chegarem a acordo até final do ano. O número concreto só será divulgado na apresentação de resultados de 2021, em janeiro ou fevereiro próximos.
Em outros bancos, também saíram trabalhadores mas menos e os processos não envolveram despedimentos. Em termos líquidos, de janeiro a setembro, o grupo Banco Montepio reduziu 132 trabalhadores, o BPI 77 empregados e a Caixa Geral de Depósitos 55 funcionários.
Este ano fica ainda marcado pelo fim das moratórias bancárias (suspensão do pagamento de capital e/ou juros), que começaram em março de 2020 para evitar incumprimento de clientes bancários (empresas e famílias) penalizados pela crise da covid-19. O 'pico' aconteceu em setembro de 2020, quando havia 48,1 mil milhões de euros em créditos sob moratórias.
A maioria das moratórias terminou em setembro último (incluindo de crédito de empresas e crédito à habitação) e as restantes terminam até final do ano. Para já, os banqueiros dizem não estar muito preocupados com o incumprimento, referindo que – apesar de haver problemas – a grande maioria dos clientes está a pagar regularmente as dívidas, mas também salvaguardam que o evoluir da situação dependerá da economia e do emprego.
Já a agência de 'rating' Fitch tem considerado que a gestão do período pós-moratórias será o "elefante na sala" dos bancos portugueses, estando expectante sobre a gestão desse tema nos próximos trimestres.
O ano de 2021 fica ainda marcado pelo regresso aos lucros agregados no conjunto dos principais bancos, sobretudo motivado por o Novo Banco ir apresentar pela primeira vez resultados anuais positivos (já que, até setembro, teve lucros de 154,1 milhões de euros).
Apesar de ser um assunto recorrente nos últimos anos, em 2021, não houve qualquer processo de consolidação bancária e os principais bancos têm dito que esse não é o seu foco. Já o Novo Banco admitiu que avaliará a compra de bancos mais pequenos terminada a reestruturação.
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