Para os deputados, “o Banco de Portugal, na liderança de Vítor Constâncio, embora munido de toda a informação que lhe permitia concluir pelo risco sistémico que se estava a criar com a concentração de empréstimos para aquisição de ações do BCP, nunca alertou a CGD para o perigo que, no seu conjunto, ou individualmente, tais operações estavam a criar para o sistema financeiro nacional”.
A proposta foi aprovada por unanimidade durante as votações das sugestões dos partidos relativos a alterações e aditamentos ao relatório da segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, que decorreram na Assembleia da República, em Lisboa.
A votação da proposta gerou algum debate entre PS e PSD devido à presença original do conceito de “irracionalidade” das operações, que depois passou a “falta de racionalidade económica” das mesmas, tendo a formulação final, sugerida por António Leitão Amaro, do PSD, ficado com a palavra “perigo”.
Os deputados da II Comissão de Inquérito à Recapitalização e Gestão da CGD estão hoje a discutir e votar as propostas de alteração dos grupos parlamentares ao relatório final preliminar, que foi apresentado na segunda-feira pelo deputado relator João Almeida (CDS-PP).
O objetivo é os trabalhos ficarem fechados hoje e o relatório final ser discutido na sexta-feira em plenário (o último da legislatura).
No início desta reunião houve a aprovação do texto base do relatório final, que junta ao relatório preliminar as propostas de alteração consensualizadas (que contaram com o apoio de todos os deputados).
As propostas de alteração consensualizadas foram decididas numa reunião de duas horas ao início da tarde de hoje, à porta fechada, sem a presença da comunicação social. Contudo, houve um erro dos serviços e cerca de 50 minutos da reunião foram transmitidos pelo Canal Parlamento.
Os deputados estão agora a debater e votar as propostas de alteração dos partidos que não obtiveram consenso, sendo que só no final destes trabalhos será votado o relatório final desta comissão de inquérito à CGD.
O relatório preliminar da comissão de inquérito à CGD conclui que o banco público “não foi gerido de forma sã e prudente”, que a grande maioria das perdas teve origem em créditos dados no mandato da administração liderada por Santos Ferreira, acusa o Banco de Portugal de pôr em causa a utilidade da supervisão e critica os governos que não agiram apesar dos alertas feitos.
O empresário Joe Berardo, grande devedor da CGD, e o ex-governador do Banco de Portugal Vítor Constâncio (que foi também líder do PS) foram os “protagonistas” da comissão de inquérito parlamentar.
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