Em declarações hoje à agência Lusa, um dos promotores do projeto Aquagoma, Marco Silva, afirmou ser aquele "o primeiro viveiro em ambiente natural do distrito de Viana do Castelo e um dos maiores, em funcionamento, no país".

"Neste momento, em funcionamento, diria que é o maior viveiro de ostras a nível nacional. Existem vários produtores espalhados pelo país, mas essencialmente são viveiros de menor dimensão", referiu.

Marco Silva destacou que o viveiro de Viana do Castelo "é o único em Portugal dotado de sistema de produção inovador, com 20 mil potes rotativos".

O responsável adiantou que as primeiras 200 toneladas de ostras ‘premium' deverão ser recolhidas dentro de 18 meses, a duração do ciclo daquele bivalve, sendo que 100% da produção terá como destino a França.

"A ostra bebé é comprada em maternidades francesas certificadas. Nós só vamos apostar no segmento alto e vamos produzir ostra superespecial, uma ostra de qualidade superior com muita percentagem de carne e muito apreciada em mercados maduros como França e Inglaterra. No nosso país, não há hábitos de consumo desta ostra, porque os portugueses estão habituados à ostra mais pequena", explicou.

Segundo Marco Silva, apenas aquela espécie garante a viabilidade de um "negócio que dá muito trabalho e que tem muito risco associado, devido às taxas de mortalidade que podem atingir os 90%".

A instalação do viveiro de ostras criou cinco postos de trabalho diretos, prevendo-se "mais 10 a 15 indiretos". A apanha dos bivalves será garantida por batelão, que já se encontra na marina da cidade.

"O barco tem uma grua que recolhe os potes e que os coloca nas jaulas instaladas na embarcação e que os transporta para as instalações da empresa, dotadas de equipamentos próprios para selecionar e calibrar as ostras", contou.

O viveiro, com uma área equivalente a quatro campos de futebol, começou a ser instalado, no verão passado, em pleno rio Lima, nas proximidades da ponte Eiffel, depois de cinco anos de um processo de licenciamento "muito difícil e moroso", marcado por "muita burocracia e pelo número excessivo de entidades envolvidas".

O licenciamento foi conseguido em 2017, após cinco anos de um processo que implicou a classificação do rio Lima.

"O rio não estava classificado para a produção de bivalves e fomos nós que investimos nessa classificação. Estivemos durante dois anos a fazer análises ao rio por nossa conta. Hoje continuamos a fazer análises, todos os meses. Trabalhamos em parceria com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)e com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR)", especificou.

Marco Silva adiantou que o rio Lima está "classificado como Zona B, o que permite a produção e apanha de bivalves, sendo que o consumo só é possível após depuração".

A classificação do rio foi "apenas" um dos "obstáculos" que o projeto teve de ultrapassar desde 2012, altura em que Marco Silva e Armando Gomes, numa "conversa informal", discutiam oportunidades de negócio.

Dos agora sócios, só Armando tinha um passado ligado ao sector. A "ideia" ganhou forma e é visível a quem atravessa o rio através da ponte centenária e a "médio prazo" vai explorar outras potencialidades.

"Queremos envolver a cidade para a colocar num roteiro internacional de gastronomia ligada à ostra. Queremos criar um local de degustação e promover o aparecimento de um nicho de mercado, na restauração da cidade, atraindo pessoas de Espanha, Braga e Porto e estabelecendo parcerias com hotéis e restaurantes, tal como acontece com enoturismo", revelou.

Marco Silva referiu que o projeto prevê ainda "o envolvimento escolas e universidades.

"Somos contactados por muitos biólogos e laboratórios que querem perceber como funciona e querem colaborar connosco", disse.