A precisamente uma semana das eleições, a campanha autárquica da CDU intensificou-se, assim como o tom das críticas ao PS, o principal adversário. Desta vez o local escolhido foi o antigo bairro da Icesa. Não houve passinho de dança, mas Jerónimo de Sousa bateu o pé ao som de “Venham mais cinco”, de Zeca Afonso, interpretado pelo coletivo Sons da Liberdade.
Quando a música parou a cantiga foi outra e o dirigente comunista apontou o dedo ao PS pela permissividade com os grandes grupos económicos do país.
“No bife do lombo dos interesses do capital o PS não toca e alinha com PSD, CDS-PP e seus sucedâneos”, pelo contrário, “prossegue uma política de favorecimento dos grupos económicos”, considerou Jerónimo de Sousa, enquanto discursava neste bairro na freguesia de Vialonga, liderada pela CDU, no concelho de Vila Franca de Xira, governado pelos socialistas.
O secretário-geral do PCP concretizou a crítica e referiu a rejeição, na sexta-feira, de várias propostas apresentadas na Assembleia da República pela bancada comunista, como, por exemplo, para reduzir os preços da tarifa da eletricidade e da botija de gás.
“A maioria de quem vive aqui no bairro continua a usar gás de botija, que continua a preços exorbitantes. Nada justifica que o seu preço seja mais do dobro do que do lado de lá, em Espanha”, sustentou.
“E o que fez o PS? Rejeitou, contando com o apoio do PSD, do CDS, do Chega, da Iniciativa Liberal e do PAN. Andam eles sempre a fingir que criticam o governo do PS, mas quando as coisas apertam lá estão no sítio certo. Do lado que são, intrinsecamente de direita e querem, naturalmente, ajudar à política de direita do PS com estas medidas escandalosas e inaceitáveis”, completou.
Há quatro anos a diferença entre PS e CDU na batalha pela autarquia de Vila Franca de Xira foi de pouco mais de 4.600 votos. Esta ano e esperança para reduzir a distância e até ‘virar’ o concelho está em Joana Bonita.
A cabeça de lista da CDU considerou que Câmara de Vila Franca de Xira está “desligada das freguesias”, como Vialonga, e é “desconhecedora dos problemas”. Joana Bonita enumerou-os: graves problemas de habitação, produto da especulação imobiliária, transportes que não correspondem às necessidades das populações e a falta de escolas secundárias que faz com que os estudantes tenham de ir, em algumas situações, até Lisboa.
Os problemas no urbanismo acrescem a este bolo de problemas, incluindo neste bairro, que faz parte de uma freguesia com cerca de 22.000 habitantes.
Élson Semedo, de 36 anos, é morador do antigo Icesa, nasceu e cresceu aqui. Agora é pai, mas os filhos têm “um misto de coisas” e não um parque infantil para brincar.
“Brincar tem de ser aqui [em frente à Associação dos Africanos do Concelho de Vila Franca de Xira]. Brincar ali à frente não conseguem, porque têm os carros. Brincar ao lado também não conseguem, porque tem a estrada. Para a população mais jovem o entretenimento é esse. Estar sentado ou estar simplesmente em casa”, sustentou.
O bairro era considerado uma “zona de muito perigo” quando era estudante. Na realidade, explicou, “colocaram pessoas de várias culturas a viver junto e não as ensinaram a conviver”. Depois a autarquia esqueceu-as.
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