
Paulo Raimundo e Rui Tavares estiveram esta tarde num frente-a-frente na SIC Notícias, em que o primeiro tema abordado foi a Defesa, com o porta-voz do Livre a defender que a União Europeia (UE) deve assumir responsabilidades próprias numa altura em que Donald Trump admite “não aplicar o artigo 5.º da NATO”.
“Creio que a escolha é muito clara: é construir uma comunidade europeia de Defesa, que possa defender a Europa e substituir-se à NATO se for necessária”, defendeu.
Assumindo uma diferença com a posição de Rui Tavares, Raimundo disse não concordar com a “ideia de que a Europa precisa de se armar até aos dentes” e defendeu que Portugal não “precisa de gastar mais dinheiro, que não tem ou que lhe faz falta, numa corrida que não é para a Defesa, é uma corrida para a guerra”.
“Nós não trocamos dinheiro para a guerra nem por pensões, nem por salários, nem pela habitação, nem pela saúde, nem pelas creches, nem pelos lares”, elencou Raimundo, com o porta-voz do Livre a retorquir que “armado até aos dentes está Vladimir Putin”.
“E Vladimir Putin não vai lá com duas conversas, peço desculpa. Porque se fosse possível qualquer um de nós ir ao Kremlin e convencer Putin a não invadir, isso já teria sido feito. Macron tentou isso, Merkel, Obama, Hillary Clinton tentaram isso. Se calhar irmos lá nós os dois, talvez nós o convencêssemos”, ironizou, aconselhando Raimundo a não ser “negacionista” com as várias crises que a UE enfrenta, incluindo a securitária.
O secretário-geral do PCP disse não compreender “a veemência” com que Rui Tavares falou sobre o Presidente da Rússia, salientando que está “profundamente de acordo” com o Livre na crítica às “opções políticas e de classe” de Putin e também as combate.
Depois, os dois líderes abordaram a temática da União Europeia (UE), com Paulo Raimundo, após ser questionado se defende a saída de Portugal do bloco comunitário, a responder que a CDU “não abdica de intervir no plano da UE”, nem tem no horizonte “um ato de saída extemporâneo”, mas a ressalvar que Portugal “não é uma província da UE” e é “um país soberano”.
Já Rui Tavares abordou as tarifas aduaneiras impostas por Donald Trump para salientar a importância de Portugal ser atualmente um Estado-membro da UE, porque, caso não pertencesse à comunidade, estaria sujeito a taxas não de 20%, mas de 26%, se se aplicar a fórmula utilizada pelo Presidente dos Estados Unidos.
Fora estas divergências nos dois temas que abriram o debate, os dois líderes partidários convergiram nas restantes temáticas, com Rui Tavares a recordar que o Livre votou ao lado do PCP na Assembleia da República em 96% das medidas.
“Acho que ninguém critica que votemos do mesmo lado nos direitos dos trabalhadores, sociais ou das famílias que têm menos rendimentos. A nossa diferença tem a ver com a consequência das convergências à esquerda (…) e outra grande diferença tem a ver com a questão europeia”, disse.
Entre os pontos de sintonia, esteve a proposta do Livre de uma herança social de cinco mil euros para todas as crianças nascidas em Portugal, que Paulo Raimundo considerou “uma medida interessante, que tem de ser desenvolvida”, apesar de ressalvar que é urgente responder “aos problemas de agora”, com medidas como a redução do IVA da eletricidade, gás e telecomunicações para os 6%.
Também na habitação, ambos criticaram a lei dos solos e convergiram na necessidade de uma maior regulação do mercado, com Paulo Raimundo a defender tetos às rendas e Rui Tavares a taxação do segmento de luxo.
A fechar o debate, os dois líderes abordaram os cenários de governabilidade. Rui Tavares criticou o secretário-geral do PS por fazer um apelo ao voto útil e Paulo Raimundo manifestou-se confiante no reforço da CDU.
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