“Sabemos que os problemas não desapareceram apenas porque foi derrotada a coligação do PSD e CDS e hoje vivemos uma nova fase da vida política, as soluções não chegarão aplicando as mesmas receitas, a mesma política que afundou o país e particularmente sem que o país se liberte dos fortes constrangimentos estruturais que o limitam na obtenção de recursos e nas opções da política económica monetária e orçamental”, declarou.
Jerónimo de Sousa discursava num almoço/comício, em Mirandela, no distrito de Bragança, de onde enviou outro aviso ao Governo relativamente às negociações que se seguem depois da apresentação da proposta do Orçamento do Estado, prometendo “uma intervenção determinada como até agora de compromisso do PCP com os trabalhadores e com o povo e lembrando sempre que é na posição conjunta PS/PCP que se define o grau de convergência e o nível do compromisso”.
“Nunca esquecendo e dizendo as vezes que é necessário que o nosso primeiro e principal compromisso é com os trabalhadores, com o povo e com o país”, vincou.
Num discurso dedicado ao Orçamento do Estado para 2017 (OE2017), o líder dos comunistas criticou o Governo por “resistir em afrontar” e defendeu que os problemas de crescimento e desenvolvimento se manterão “se Portugal não se libertar do Euro, renegociar a dívida, tiver o controlo público da banca para arranjar respetivamente a moeda, os recursos, os créditos que financiem o crescimento económico e o desenvolvimento”.
“É uma ilusão pensar que é possível garantir níveis de crescimento económico e de emprego e inverter o rumo de empobrecimento do país, deixando tudo como está, sujeito às políticas, aos critérios, às metas, aos objetivos impostos a partir do exterior, nomeadamente da União Europeia, para servir interesses que não são os do nosso povo”, insistiu.
Jerónimo enumerou os aspetos positivos da proposta de orçamento e as conquistas do PCP, para de seguida ressalvar que “não iludem que é um orçamento da responsabilidade do Governo PS, vinculado ao programa do PS”.
O secretário-geral do PCP observou que “mais uma vez se acentuaram o alarido e as ameaças de corte e suspensão de fundos comunitários, a inevitabilidade de um novo resgate e até o FMI veio também apresentar um rol de medidas ditas de austeridade no valor de 900 milhões de euros”.
Toda uma situação, sustentou, que “revela o caráter crescentemente inconciliável entre a submissão a imposições externas, designadamente da União Europeia, e uma política capaz de dar resposta sólida e coerente aos problemas nacionais”.
“Há de haver um momento em que tem de haver opções: ou estes constrangimentos ou então fica uma mão cheia de nada para dar aos trabalhadores, ao povo e ao país”, afirmou.
Jerónimo criticou também os partidos da direita, afirmando que parece terem posto “o conta-quilómetros a zero, esqueceram-se das mal feitorias, do inferno da vida que fizeram para tantos e tantos portugueses e apresentam-se a questionar as medidas e o rumo das medidas positivas”.
“Eles procuram fazer esquecer ao povo português o que fizeram, nós não esqueceremos porque o povo português não quer que se repita aquilo que aconteceu durante esses anos dramáticos”, declarou.
O Governo apresentou na sexta-feira a proposta de Orçamento do Estado de 2017 que prevê um crescimento económico de 1,5%, um défice de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB), uma inflação de 1,5% e uma taxa de desemprego de 10,3%.
Para este ano, o executivo liderado por António Costa piorou as estimativas, esperando agora um crescimento económico de 1,2% e um défice orçamental de 2,4% do PIB.
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