“É crucial fazer com que tudo esteja pronto em termos de regulação e de supervisão para a chegada massiva de empresas financeiras que acabarão por se deslocar do sítio onde estão agora para a Europa continental e Irlanda”, afirmou a responsável do FMI durante uma conferência sobre a moeda única europeia.
Estas declarações de Lagarde, que está a efetuar uma visita de dois dias à Irlanda, surgem quando a comunidade empresarial está cada vez mais preocupada com o fracasso das negociações entre o Reino Unido e a União Europeia (UE), o que levaria a um divórcio inflexível e a questionar qualquer período de transição.
O setor financeiro já marginalizou o passaporte europeu, que permite que as empresas ofereçam os seus serviços em todo o continente, por estarem localizadas no Reino Unido. Mas este precioso instrumento está condenado com a saída do mercado único prometida pelo governo conservador de Theresa May.
Londres está agora a pressionar para a negociação de um acordo de livre comércio, incluindo serviços financeiros, essencial para a economia do país e para influência da sua capital, mas Bruxelas opõe-se pelo menos por enquanto.
Vários bancos icónicos da City alertaram que seriam forçados a deslocar determinadas atividades e empregos, apesar do tom utilizado pelos responsáveis ter parecido um pouco menos catastrófico recentemente.
O Banco de Inglaterra estimou que 10.000 empregos no setor dos serviços financeiros poderiam ser deslocados no primeiro dia do Brexit.
Sinal dos crescentes temores dos meios financeiros, o regulador bancário europeu (EBA nas siglas em inglês) alertou hoje para a falta de preparação das instituições financeiras para a saída do Reino Unido da UE, prevista para daqui a nove meses, e pediu-lhes para a partir de agora se prepararem para um Brexit sem acordo.
As ameaças vão além do setor financeiro, como recordou o gigante da aeronautica Airbus na semana passada quando advertiu para uma possível saída do Reino Unido em eventual cenário negro.
Segundo um estudo publicado pelo escritório de advogados Baker & McKenzie, metade das empresas europeias já reduziram o investimento no Reino Unido devido ao ‘brexit’.
O estudo foi realizado com base em entrevistas a 800 responsáveis de empresas em França, Alemanha, Espanha, Holanda, Suécia e Irlanda.
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