Idalino Leão apontou a questão dos custos da energia como um fator que deixa em desvantagem os agricultores portugueses em relação aos congéneres espanhóis, considerado que os produtores nacionais precisam “de maior previsibilidade” para a sua atividade.

“Era preciso uma maior justiça a nível ibérico, nomeadamente nos custos fixos relativos à energia, na eletricidade e gasóleo. O nosso mercado é global, mas se os agricultores portugueses competirem com os espanhóis partindo de uma posição de desvantagem, nesta questão da energia, será muito difícil”, sustentou o presidente da Agros.

Idalino Leão lembrou que, desde o ano passado, houve “uma indispensável correção” nos preços pagos aos produtores pelo litro de leite, que estavam “demasiado baixos”, esperando que essa premissa “seja para ficar”.

“Como em qualquer outro ramo de atividade, também o setor do leite precisa de previsibilidade e e equidade, para trazer viabilidade económica. Só com isso podemos colmatar uma das nossas maiores dificuldades, a renovação geracional, que é urgente. O setor está envelhecido e para cativarmos os jovens temos de os remunerar devidamente”, afirmou o responsável.

O líder da Agros recuperou, também, os desafios com os aumentos dos custos de produção, ainda decorrentes com a guerra da Ucrânia, mas também com a situação de seca que assola o país há dois anos.

“A palha para os animais, que é um bem essencial, custa, hoje, três vezes mais do que no ano passado. Se acrescentamos a isto os custos elevados com energia, percebemos que a situação não é fácil para os agricultores”, acrescentou.

Estes e outros temas vão, também, ser debatidos na iniciativa Agrosemana, a Feira Agrícola do Norte, que decorre e 31 de agosto e 3 de setembro, no Espaço Agros, na Póvoa de Varzim.

O evento tem o objetivo de promover e valorizar o setor agropecuário em Portugal e aproximar o público urbano ao mundo agrícola, dando-lhe a conhecer algumas das melhores práticas do setor.

“É uma feira para as famílias, com várias atividades lúdico-pedagógicas, onde abrimos as portas do nosso espaço para os consumidores a conhecer o que fazemos de bem, na produção alimentos seguros e saudáveis, mas também com uma componente técnica com um conjunto de seminários, mais vocacionados para a parte profissional dos agricultores”, explicou Idalino Leão.

Nessa vertente de mostrar o setor os consumidores, a Agros vai promover visitas a algumas explorações agrícolas da região, onde os visitantes podem ter contacto com os produtores e as suas famílias, e também apreciar a forma com são tratados os animais e com se processa os métodos de recolha de leite.

Este ano, e no âmbito da responsabilidade social da cooperativa, será apoiado o Banco Alimentar, com as receitas provenientes das atividades lúdicas da feira a serem convertidas em litros de leite que serão doados à instituição.

Além de vários concertos musicais que vão acontecer durante o evento, e outras atividades, haverá, também espaços gastronómicos e de lazer, que, em edições anteriores, cativou a atenção de mais de 100 mil pessoas.

A AGROS, que tem como atividade a recolha, o transporte e a comercialização de leite a granel nas regiões de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, e também tem uma vertente industrial através da participação na Lactogal, é uma união de cooperativas do setor que reúne aproximadamente 1000 produtores de Leite.