Esta informação consta de uma carta enviada ao presidente da comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, a que a Lusa teve hoje acesso.

"Estando em trânsito entre viagens e tendo tomado conhecimento através de notícias publicadas em vários órgãos de comunicação social de que teria sido convidado para estar presente na comissão [...], mas sabendo da impossibilidade de agenda para realizar essa audição face ao término da atual legislatura, considero contudo essencial, desde já, dar o presente esclarecimento", começa por escrever Luís Bernardo, que foi assessor de José Sócrates.

Estes esclarecimentos, diz, visam "provar que os pressupostos invocados para tal solicitação estão totalmente afastados da realidade e não têm qualquer sentido e fundamento", referindo-se ainda às declarações da deputada Joana Mortágua, apontando quatro pontos.

"Não, não sou acionista, nem exerço qualquer função de administrador ou gestor na Global Media Group (GMG), pelo que manifesto a minha perplexidade e estranheza pela forma forçada e artificial com que o meu nome foi referido nessa comissão com base em pressupostos totalmente falsos e caluniosos para tentar sustentar uma ligação ao administrador Paulo Lima de Carvalho", refere Luís Bernardo, no seu primeiro ponto.

"O referido administrador foi convidado pelo acionista Marco Galinha num processo de seleção e escolha em que fui totalmente alheio". E "este facto, que será certamente testemunhado pelos próprios, por si só, elimina todo o tipo de especulações sobre supostas ligações e segundas intenções invocadas para tentar sustentar a razão da sua entrada para a GMG", prossegue Luís Bernardo.

Além disso, "para que fique totalmente claro, apenas e só a empresa de que sou administrador executivo, a WLP, foi convidada pela atual Comissão Executiva, no âmbito de uma prestação de serviços de consultoria para apresentar um plano estratégico de futuro para o grupo num quadro de expansão para novos mercados e oportunidade de projetar as marcas, diferentes multiplataformas e potencial digital da GMG", sublinha o consultor.

E dá como exemplo o trabalho que a WLP "fez noutras entidades com resultados reconhecidos e nomeadamente na área dos media".

Luís Bernardo salientou que o trabalho na GMG "ainda está em curso, nos prazos solicitados, mas [...] naturalmente está num impasse perante a situação de todos conhecida".

Depois, "mais graves, foram as declarações da deputada Joana Mortágua que partindo das funções que exercia enquanto assessor do ex-primeiro-Ministro José Sócrates, qualifica e extrapola suspeitas em termos que considero totalmente inaceitáveis", aponta.

Nesse sentido, esclarece a deputada que tanto na sua atividade pessoal e profissional "desenvolvidas e em curso nunca" foi "suspeito ou acusado em qualquer processo judicial".

Aliás, no âmbito do processo Marquês, que envolve José Sócrates, "nunca fui ouvido, nem sequer como testemunha, pela simples razão de que nada tive a ver com as atividades em apreciação. Pelo contrário, nesse referido processo, o meu nome só surge citado em escutas em que é criticado o facto de eu na altura, apoiar de forma explicita a liderança de António José Seguro", argumenta.

Aliás, "a entorse da argumentação é evidente quando em cerca de 15 anos de atividades profissionais ligado ao Governo e trabalhado em Gabinetes com António Guterres, Pedro Silva Pereira e Manuel Maria Carrilho, e também, José Sócrates obviamente, a declaração da deputada se force apenas a referência a José Sócrates, insinuando de forma falsa uma ligação ou proximidade que, há mais de uma década, não existe", critica.

"A esse propósito gostaria de realçar que a senhora deputada durante quatro anos apoiou um governo presidido e constituído por vários ex-ministros, secretários de Estado e assessores de José Sócrates, como também é exemplo precisamente quem neste momento preside à Assembleia da República e que ainda agora se propõe a estabelecer entendimentos com um eventual futuro governo PS, onde naturalmente poderão estar presentes dezenas ou centenas de quadros que colaboraram diretamente com o ex-primeiro-ministro", continua Luís Bernardo.

Perante isto "fica claro a falta de sentido material e formal das alegações políticas que fundaram o convite, persistindo a forte dimensão insultuosa das mesmas que será objeto de ações cíveis e criminais nas instâncias próprias em defesa do meu bom nome e reputação", conclui.