Os resultados dos bancos privados referentes a 2016 significam o segundo ano consecutivo de lucros em termos agregados, depois de entre 2011 e 2014 a soma dos resultados ter sido negativa.

Ainda assim, os lucros agregados de 732,6 milhões de euros representam uma queda de 4% face aos 764,8 milhões de 2015, devido à significativa redução dos resultados pelo BCP.

A contrastar com os resultados dos bancos privados estão as instituições públicas ou geridas por entidades públicas, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novo Banco (detido pelo Fundo de Resolução bancário e gerido pelo Banco de Portugal).

Esta sexta-feira, a CGD apresentou as contas de 2016, revelando prejuízos históricos de 1.859 milhões de euros, bem acima (mais de dez vezes) dos 171,5 milhões de euros.

Este foi ainda o quinto ano consecutivo de prejuízos para o banco que tem o Estado como único acionista.

Quanto ao Novo Banco, para já ainda não são conhecidos os resultados de 2016, mas deverão ser de prejuízos. Até setembro do ano passado, a instituição registou 359 milhões de euros negativos, ainda assim menos 14,3% do que no mesmo período de 2015.

O Novo Banco está em processo de venda ao fundo-americano Lone Star, que deve ficar com uma participação maioritária permanecendo o Estado com uma posição em torno dos 25% (através do Fundo de Resolução ou de outra entidade pública). A solução para o Novo Banco está atualmente a ser discutida com a Comissão Europeia.

Quanto às instituições com lucros, o Santander Totta destacou-se em 2016 com 395,5 milhões de euros positivos, mais 36% do que em 2015 e os melhores resultados desde 2010, num ano em que concluiu a integração da atividade bancária que comprou do Banif (objeto de resolução em dezembro de 2015).

Segue-se o BPI, que registou um lucro líquido consolidado de 313,2 milhões de euros (mais 32,5%), um montante para o qual contribuiu a atividade internacional com 166,3 milhões de euros, o que se deve sobretudo à operação angolana, onde o BPI tinha em 2016 a maioria do capital do Banco de Fomento de Angola (BFA).

Em fevereiro, foi conhecido o sucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelo Caixabank sobre o BPI, tendo agora o grupo bancário espanhol 84,5% do capital social.

Por fim, já o BCP lucrou 23,9 milhões de euros em 2016, uma queda de 90% face a 2015, ainda assim invertendo no último trimestre de 2016 os prejuízos consideráveis que acumulava até setembro.

O banco realizou já este ano um aumento de capital de 1,33 mil milhões de euros, tendo agora o grupo chinês Fosun como principal acionista com 23,92%, seguido da petrolífera angolana Sonangol, com 15,24%.

A operação de aumento de capital do BCP visou sobretudo o reembolso total da ajuda estatal concedida em 2012, tendo o banco já pago os 700 milhões de euros que faltavam (referentes aos chamados 'CoCos'), assim como a melhoria dos rácios de solvabilidade.