De acordo com o Relatório de Pagamentos Europeu do Consumidor, desenvolvido pela Intrum Justitia, apesar de 94% dos inquiridos considerarem que “é importante pagar sempre” as contas dentro do prazo, 29% afirma que, neste momento, “não tem dinheiro suficiente para ter uma vida digna”.
O estudo, feito a partir de dados recolhidos numa pesquisa realizada em simultâneo a 21.317 cidadãos europeus de 21 países e que contou com a participação de 1.010 portugueses, visou conhecer a situação e saúde financeira das famílias face ao atraso nos pagamentos.
Segundo o trabalho, mais de metade dos consumidores portugueses (51%) dizem que não pagam, dentro do prazo, as faturas “por falta de liquidez”, ao passo que os restantes 49% referem que não pagam atempadamente por outros motivos, tais como “esquecimento ou vontade”.
Cerca de metade dos consumidores portugueses entrevistados referiu ainda que não pagou algumas das suas contas a tempo nos últimos doze meses, uma percentagem idêntica à média europeia (48%).
O trabalho conclui também que 17% dos inquiridos pediram dinheiro emprestado nos últimos seis meses, um ligeiro aumento face ao ano anterior (15%).
E mais de metade das pessoas que pediram dinheiro emprestado (65%) escolheu a família como principal fonte de financiamento, seguindo-se os amigos (23%), enquanto 14% pediu um empréstimo ao banco.
Apesar de cumprirem a obrigação de pagar as suas contas, 59% afirma que depois de as pagar, “fica preocupado por recear não ter dinheiro suficiente”.
Dos portugueses inquiridos, 58% afirmam que não conseguem poupar dinheiro todos os meses.
Entre os 42% que economizam dinheiro mensalmente, afirmam fazê-lo para fazer face a despesas imprevistas, para viajar e para o caso de perderem o emprego.
No entanto, 35% afirmam que poupam algum dinheiro a pensar na reforma e, neste âmbito, 63% investem as suas economias em contas poupança, um valor bastante elevado, quando comparado com o investimento em ações e participações (10%) ou a subscrição de títulos do Tesouro (15%), apesar da atual tendência em baixa das taxas de juro.
Relativamente ao âmbito familiar, 46% dos entrevistados portugueses acreditam que vão precisar de ajudar financeiramente os seus filhos, mesmo quando estes saírem de casa, 29% confessam que por razões financeiras os seus filhos não podem sair de casa tão cedo como desejariam e 27% defendem que os filhos vão ter maiores dificuldades financeiras do que eles.
As finanças também afetam a situação dos casais, pelo que 20% dos inquiridos em Portugal afirmam que as razões económicas são um dos motivos para manterem ou prolongarem o seu relacionamento, um valor ligeiramente menor do que o verificado no ano passado (24%).
Segundo o estudo, 58% dos inquiridos tem cartão de crédito, 26% gasta dinheiro regularmente em compras pela Internet, 33% fez este ano mais compras na Internet e 50% prefere receber as suas contas em formato digital.
No que respeita à emigração verificou-se, este ano, uma diminuição do número de pessoas que pondera sair do país (17%), face aos 40% no ano passado.
No caso de virem a optar por sair de Portugal, a maioria escolhe o Reino Unido (24%), a França (10%) e a Suíça (9%) como países de acolhimento.
Portugal está contemplado nas opções como destino de emigração de 11% dos franceses e de 5% dos suíços, o que se apresenta como novidade nas conclusões deste trabalho.
A Intrum Justitia é uma consultora europeia de serviços de gestão de crédito e cobranças.
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