“A pandemia vai implicar a revisão do crescimento da economia este ano”, disse João Leão, em conferência de imprensa, depois de o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter divulgado que as Administrações Públicas registaram um défice de 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, em contabilidade nacional, correspondente a 11.501,1 milhões de euros, regressando a terreno negativo após o excedente de 2019.
Ainda assim, a evolução do défice foi “menos negativa do que antecipado”, devido ao desempenho da economia e a resiliência do mercado de trabalho, apontou o governante.
“O país conseguiu resistir melhor à crise do que se esperava”, referiu João Leão, louvando “empresários, trabalhadores e famílias pela capacidade de resiliência admirável”.
No entanto, este ano, disse, “a pandemia está a ter impacto mais forte do que antecipado”, o que deverá levar a uma redução menor do défice de 2021 do que o esperado.
“Em relação às finanças públicas a evolução e a redução do défice orçamental que era esperado para este ano vai ser muito menor”, apontou João Leão.
O ministro das Finanças destacou também que os apoios excecionais à economia, empresas e saúde em 2020 ficaram cerca de mil milhões de euros acima do que tinha sido previsto.
“O Governo está preparado para continuar a apoiar as empresas e as famílias enquanto a pandemia durar. […] A economia tem agora condições para ter uma forte recuperação da crise e podemos olhar para o futuro com mais confiança”, afirmou.
Após ter registado em 2019 o primeiro excedente das contas públicas desde 1973, com um saldo positivo de 0,1% do PIB, a economia portuguesa regressa a uma situação deficitária em 2020, um ano em que o cenário económico ficou fortemente marcado pelos efeitos da pandemia de covid-19.
As previsões divulgadas pela Comissão Europeia no final do ano passado apontavam para um saldo orçamental negativo de 7,3% do PIB em 2020, um valor igual ao inicialmente previsto pelo Governo português que, no entanto, já tinha vindo admitir que o resultado final poderia ficar mais próximo do previsto no orçamento suplementar de 2020, que era de 6,3% do PIB.
Mais pessimistas, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) previam um défice de 8,4% e de 7,9% do PIB, respetivamente, para a economia portuguesa em 2020.
No final do terceiro trimestre de 2020 as Administrações Públicas tinham registado um défice de 4,9% do PIB, depois de este ter ficado nos 5,4% até junho.
Comentários