A Alemanha, que encerrou os últimos reatores nucleares do país no sábado, criticou o aval do G7 à continuação do recurso à energia nuclear, segundo a agência espanhola EFE.
A ministra do Ambiente alemã, Steffi Lemke, disse numa conferência de imprensa após a assinatura do documento da reunião que “não é segredo que os diferentes países do G7 têm pontos de vista diferentes sobre a energia nuclear”.
Além de Japão e Alemanha, o grupo dos sete países mais industrializados é formado por Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido.
No comunicado, o G7 admite que os que optam pela energia nuclear “reconhecem o seu potencial para fornecer energia de baixo carbono a preços acessíveis” para enfrentar a crise climática e “garantir a segurança energética global”.
Os países em causa, segundo o G7, comprometem-se a “maximizar a utilização dos reatores existentes de forma segura e eficiente, e a avançar com um funcionamento seguro a longo prazo”.
O Japão, o anfitrião do encontro por exercer a presidência rotativa do G7, é o país que mais tem defendido este ponto.
Em dezembro, Tóquio prolongou a vida útil dos reatores nucleares para que possam funcionar além do atual limite de 60 anos.
Trata-se de uma mudança de política destinada a reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e assegurar o fornecimento de eletricidade.
O objetivo do país asiático é aumentar o fornecimento de eletricidade gerada pela energia nuclear de 20 por cento para 22% ou 24%, e tornar-se menos dependente do exterior devido à invasão russa da Ucrânia.
Em contraste, a Alemanha desligou as três últimas centrais do país, Isar 2 e Neckar 2, no sul, e Emsland no centro, num adeus definitivo à energia nuclear apesar da crise exacerbada pela guerra contra a Ucrânia.
No comunicado, os ministros destacaram os esforços para alcançar a neutralidade do carbono energético até 2050, “o mais tardar”, segundo a agência francesa AFP.
Já no ano passado, se tinham comprometido a descarbonizar a maioria do setor elétrico até 2035, objetivo reconfirmado hoje.
Em sinal de negociações difíceis, o G7 não se comprometeu especificamente com uma data para a eliminação gradual do carvão no setor da eletricidade, embora o Reino Unido, apoiado pela França, tivesse proposto 2030.
Na frente ambiental, comprometeram-se a reduzir a zero a sua poluição por plásticos até 2040, nomeadamente através da economia circular, reduzindo ou abandonando os plásticos descartáveis e não recicláveis.
Vários membros do G7, como Reino Unido, França e Alemanha, já estavam empenhados neste objetivo, mas não os Estados Unidos e o Japão.
Os membros do G7 tiveram de mostrar unidade e determinação após o último e alarmante relatório de síntese do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), publicado em março.
De acordo com o IPCC, o aquecimento global causado pela atividade humana atingirá 1,5° C acima dos níveis pré-industriais até 2030-2035.
Isto compromete o objetivo do acordo de Paris, de 2015, de limitar os aumentos de temperatura a este nível, ou pelo menos abaixo de dois graus Celsius.
O diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, que esteve presente em Saporo, disse à AFP que a mensagem do G7 combina as preocupações com a segurança energética com um roteiro para lidar com a crise climática.
Mas organizações não-governamentais (ONG) como a Greenpeace ficaram desapontadas.
“Há alguns aspetos positivos, mas ainda falta ambição”, resumiu Daniel Read, da Greenpeace.
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