“De acordo com o nosso cenário base, esperamos que o rácio de crédito malparado para os bancos portugueses vá aumentar para acima de 9% em 2022, o que compara com o rácio mais recente de 5,5% no terceiro trimestre de 2020″, disse hoje a analista da Moody’s Pepa Mori, durante a conferência da agência intitulada “Tendências de Crédito – Oportunidades de Crescimento de Portugal pós-pandemia”.

Para a Moody’s, a “principal preocupação” relativamente à banca portuguesa “é que a tendência de aumento da qualidade dos ativos” verificada anteriormente” “se irá reverter agudamente quando as medidas de apoio aos tomadores de crédito que foram implementadas pelas autoridades – como os empréstimos com garantia pública e as moratórias – terminarem”.

“Atualmente, os bancos portugueses têm mais de 22% das suas carteiras de crédito debaixo de moratórias de pagamento, uma das mais altas [percentagens] da União Europeia. Estes programas foram alargados até setembro de 2021″, assinalou a analista.

Assim, Pepa Mori antecipou que “o aumento de crédito malparado só irá ficar totalmente visível depois desta data, se não for aprovada nenhuma extensão adicional pelas autoridades”.

Noutros parâmetros de análise ao setor bancário, a Moody’s também espera “que os lucros estejam pressionados por mais provisões, e isto tendo em consideração o facto de sabermos que já foi feito um esforço em 2020″.

“Mas a razão por que esperamos que estas provisões permaneçam em níveis elevados é porque é esperado que o crédito malparado aumente não só em 2021 mas também em 2022″, explicitou a analista.

Assim, e tendo em conta “o facto de que as taxas de juro devem permanecer em níveis ultra baixos”, é esperada ainda “mais pressão sobre a margem [financeira]”, algo que leva a agência de notação financeira a esperar que “a rentabilidade permaneça a níveis muito baixos em 2021″, depois de já ter sido “muito fraca em 2020″, com 0,1% de rácio de rendimento sobre o ativo (ROA) no terceiro trimestre de 2020, “um dos mais baixos da Europa”.

A analista referiu-se ainda à anulação da transferência de 476 milhões de euros do parlamento para o Fundo de Resolução, para capitalizar o Novo Banco, referindo que toma como boas as palavras das autoridades portuguesas relativamente ao cumprimento do Mecanismo de Capital Contingente negociado aquando da venda do banco à Lone Star.

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