“O banco não está à venda”, disse Virgílio Lima, na conferência de imprensa em Lisboa, após na terça-feira à noite os associados terem aprovado as contas da mutualista de 2019 (prejuízos superiores a 400 milhões de euros).

Segundo o responsável, o banco só pode ser detido maioritariamente por uma entidade do terceiro setor, neste caso a associação mutualista Montepio Geral, que atualmente detém 99,9% do banco, e a entrada de um investidor (ainda que minoritário) poderia pôr em causa a defesa dos associados.

“Ainda que minoritário, um novo acionista que entre com significativa posição naturalmente vai querer também intervenção na gestão e poderia entrar numa lógica de não tanta proteção dos associados”, ao visar sobretudo resultados, afirmou.

Questionado sobre se de futuro a administração da mutualista admite uma eventual cotação em bolsa, Virgílio Lima negou: “não, pelas razões referidas não está no nosso horizonte estratégico”.

O responsável admitiu que o grupo encontre investidores estratégicos para outras entidades, caso dos seguros, mas “sem perda de controlo”.

O banco Montepio teve lucros de 5,4 milhões de euros no primeiro trimestre, 17% abaixo de período homólogo, num trimestre em que constituiu 15,5 milhões de euros em imparidades devido ao impacto da covid-19.

Os resultados em operações financeiras ascenderam a 15,9 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, quando no mesmo período de 2019 tinham sido negativos em 1,3 milhões de euros, que se devem a ganhos com a alienação de dívida pública e privada feita entre janeiro e março.

O banco Montepio é detido pela Associação Mutualista Montepio Geral, que teve prejuízos de 408,8 milhões de euros em 2019, sobretudo devido ao reforço das imparidades para o banco Montepio, que comparam com lucros de 1,6 milhões de euros de 2018.

O grupo Montepio tem no topo a Associação Mutualista Montepio Geral, com mais de 600 mil associados, que tem como principal empresa subsidiária o banco Montepio, que desenvolve o negócio bancário.