“Não é possível que o Presidente dos Estados Unidos apague o NAFTA mesmo que queira”, sustentou Paul Krugman, prémio Nobel da Economia de 2008, no discurso principal do “Fórum de Discussão com Especialistas 2017: NAFTA e o Crescimento Económico do México”, que decorreu na cidade de Monterrey.
Diante de audiência composta por estudantes, académicos, membros do Governo e representantes da indústria automóvel, Paul Krugman defendeu que, independentemente “do poder” que o Presidente dos Estados Unidos tem, os acordos comerciais dependem do Congresso e no caso do NAFTA está em jogo uma grande quantidade de empregos e exportações de empresas norte-americanas.
O economista qualificou ainda de simplista a visão de Trump relativamente ao NAFTA de que o défice comercial é mau e as exportações são boas, argumentos que o Presidente dos Estados Unidos utilizou para sustentar que se trata “do pior tratado na história dos Estados Unidos”.
Krugman afirmou que os assessores de Trump estão a aperceber-se de que não vai ser tão fácil como se pensava alterar o NAFTA, atendendo à quantidade de empresas que têm destacado que os setores aos quais pertencem e os empregos dependem da relação comercial com o vizinho México.
O académico da Universidade de Princeton (Nova Jersey, EUA) afirmou que, num determinado momento, quando havia otimismo relativamente ao crescimento da economia mexicana, o NAFTA foi “vendido” como um instrumento para os Estados Unidos aumentarem as suas exportações e postos de trabalho.
Contudo, realçou, “nada disso aconteceu”: “Isso caiu tudo por terra com a chegada da crise de finais de 1994 e 1995 que provocou o colapso dos mercados emergentes”.
Na perspetiva de Krugman, o obstáculo da atual renegociação do NAFTA prende-se com todos os problemas que afetam a relação bilateral entre os Estados Unidos e o México, entre os quais a questão em torno da imigração ilegal e o narcotráfico.
Donald Trump advertiu, há duas semanas, que “provavelmente vai acabar” com o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, com o México e o Canadá, cujas negociações começaram no mês passado.
“Tenho de ser honesto (…) pessoalmente não creio que podemos alcançar um acordo porque se aproveitaram de nós e de uma forma muito má. Eles fizeram grandes negócios: os dois países, especialmente o México. Não creio que possamos alcançar um acordo”, disse, num comício em Phoenix, no Arizona.
“Creio que provavelmente terminaremos com o tratado”, sublinhou então o Presidente dos Estados Unidos.
A primeira ronda terminou de conversações no âmbito das negociações do NAFTA realizou-se no passado mês de agosto.
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