Em causa estiveram as possibilidades de venda ou nacionalização da instituição bancária, em debate parlamentar de atualidade requerido por BE, PSD e PCP.

"Não há nenhuma posição de princípio do PS. Faremos aquilo que for melhor para o Novo Banco. Depende das propostas e do comprador. O PS não tem uma posição dogmática sobre Novo Banco", sublinhou João Galamba, condenando o facto de a antiga ministra das Finanças do Governo PSD/CDS-PP, Maria Luís Albuquerque, "como sempre nestes debates", permanecer na "última fila" do hemiciclo, sem intervir.

O deputado socialista classificou a posição de PSD e do CDS-PP como uma "teoria esdrúxula" de "dizer a um comprador que se venderá [um bem] a qualquer preço porque não se admite sequer uma alternativa [a nacionalização]".

"Estou desesperado e só posso vender a si ou a alguém parecido consigo porque só me resta a nacionalização, que é o fim do mundo", exemplificou. "Estamos a fazer aquilo que não fizeram e a resolver problemas que nos deixaram", justificou ainda Galamba.

O porta-voz do CDS-PP, João Almeida, defendeu que "o setor financeiro é demasiado importante para ser deixado ao sabor dos complexos ideológicos".

"Querem um banco nacionalizado para quê, para fazer o quê, distinguindo-se da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em quê? É de estranhar é a posição do PS. Tinha a oportunidade política de ter interrompido o processo em curso de venda. Não o fez. Manteve a linha que vinha de trás e tem de ser responsável pela coerência da linha que manteve, mas fica, no silêncio, a torcer e a fazer declarações avulsas para que a nacionalização se concretize", lamentou, apelidando a atitude de "estratégia suicida", que "pode custar milhares de milhões de euros aos portugueses".

O deputado ecologista José Luís Ferreira referiu-se a um "problema que se arrasta há dois anos e meio" e apontou as "muitas responsabilidades do Governo PSD/CDS", recusando a hipótese verificada com o BPN, no qual, disse, "o contribuinte teve de pagar para vender".

A bloquista Mariana Mortágua e o comunista Miguel Tiago acompanharam a ideia do PEV destacando as "incoerências" e "aventuras ruinosas" de PSD e CDS-PP. O deputado do PCP recordou que o seu partido irá colocar à discussão um projeto de resolução que propõe nacionalização do Novo Banco sem ser a "falsa nacionalização do BPN para venda e que portugueses ainda hoje estão a pagar".

O social-democrata Marco António Costa acusou, por seu turno, a bancada parlamentar e o Governo do PS de tentarem "criar na opinião pública a circunstância de inevitabilidade de nacionalização do Novo Banco".

Na semana passada, o Banco de Portugal anunciou que o fundo Lone Star é a entidade mais bem colocada para comprar o Novo Banco, convidando-o para um "aprofundamento das negociações", manifestando em seguida o Ministério das Finanças esperança de que o processo seja concluído com celeridade, tendo sido noticiada uma oferta de 750 milhões com injeção de mais 750 milhões.

O Novo Banco foi o banco de transição criado a 03 de agosto de 2014 para ficar com os ativos considerados menos problemáticos do Banco Espírito Santo (BES), então alvo de uma medida de resolução.

Inicialmente, o banco foi capitalizado com 4,9 mil milhões de euros através do Fundo de Resolução bancário (participado pelos bancos que operam em Portugal, sendo 3,9 mil milhões de euros de um empréstimo do Tesouro), a que se somaram mais 2.000 milhões de euros no final de 2015 com a decisão do Banco de Portugal de transferir obrigações seniores para o 'banco mau' (num novo 'bail-in', resgate interno).

Contudo, apesar de ter nascido com o rótulo de banco bom', o Novo Banco acumula prejuízos de 1.800 milhões de euros desde a criação até setembro de 2016.

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