No final do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2018, que decorre desde quinta-feira no parlamento, Simão Ribeiro recorreu a uma expressão popularizada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ‘fake news' (notícias falsas) para classificar o documento que vai ser aprovado ainda hoje à tarde.

"Este é o orçamento das ‘fake news', parece que vai melhorar a vida dos portugueses, mas não melhora: os impostos indiretos aumentam, as cativações agravam-se, mas parece que vivemos no país das maravilhas", acusou, lamentando que o documento não resolva os problemas dos jovens portugueses.

Simão Ribeiro citou mesmo um texto do filósofo Immanuel Kant, do século XVIII, dizendo que "porventura já estaria aí a pensar nesta maioria alargada", que apoia o Governo socialista: "É tão cómodo ser menor".

"Ao contrário do senhor ministro da Defesa, os portugueses quando veem algo a ser-lhes devolvido que lhes foi tirado pelos governos socialistas, não encontram recursos a mais", ironizou o deputado do PSD.

O deputado João Torres, anterior líder da Juventude Socialista, foi o orador seguinte, acusando PSD e CDS-PP de continuarem "desnorteados pela ação governativa e persistirem em antecipar um futuro tenebroso para os portugueses".

"O rumo do Governo reflete uma estratégia e uma ação que tem produzido resultados concretos. O problema da oposição é o mesmo dos anos anteriores: para criticarem a governação da forma como fazem, só podem estar a olhar o país pelo espelho retrovisor", criticou.

Pelo PCP, o deputado António Filipe lamentou que as críticas construtivas neste debate só tenham vindo das bancadas da esquerda: "PSD e CDS-PP apresentaram-se neste debate com um discurso caótico", criticou.

Já Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, procurou desmontar os argumentos utilizados pelo PSD e pelo CDS-PP ao longo do debate.

"Quando mais nada serve, chega o fim de linha e dizem ‘o que os senhores estão a fazer e é fácil'. Depois de criticar tudo, chegam ao ponto de dizer que queriam fazer o mesmo, mas não podem", ironizou.

No entanto, defendeu Mariana Mortágua, PSD e CDS-PP deixaram "um documento para memória futura" do que pretendiam fazer: "Cortar pensões, manter cortes nas prestações sociais e aumentar impostos".

"A critica que há a fazer a este Governo é que devia proteger mais os trabalhadores e reverter mais as medidas do anterior Governo", defendeu.

Na resposta, a deputada do CDS-PP Cecília Meireles lamentou que o Bloco participe no que chamou de "absoluto branqueamento" do governo socialista de José Sócrates, que antecedeu o executivo PSD/CDS-PP.

"Parece que Portugal vivia num absoluto paraíso em 2011 e, de repente, vieram os partidos que queriam empobrecer as pessoas e desataram a fazer cortes", afirmou a deputada do CDS-PP, em tom irónico.