Numa conferência em que anunciou que na quinta-feira vai propor à Comissão Política Nacional que vote contra a proposta de OE2019, considerando que este Governo é como a cigarra que canta no verão esquecendo o futuro, Rui Rio apontou que "no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é onde se nota mais a degradação dos serviços públicos em Portugal".
"As verbas para o SNS em 2019 vão ter um crescimento nominal de 2,3%, abaixo do crescimento da receita que é de 3,3%. Portanto o peso dos gastos com o SNS no todo da despesa pública vai baixar. A conclusão política que se tira é esta: a saúde não é uma prioridade porque se a saúde fosse uma prioridade, aquilo que se investe na saúde tinha de subir mais com aquilo que globalmente se vai gastar com a despesa como um todo", disse o presidente do PSD.
Rui Rio, que falava no Porto numa sessão que servia para fazer uma análise à proposta do OE2019, aprovada pelo Governo no sábado passado e entregue na segunda-feira no parlamento, onde será discutida e votada na generalidade a 29 e 30 de outubro, disse que o documento lhe "relembra um pouco os orçamentos de 1999 [quando era primeiro-ministro António Guterres] e depois o de 2009 [com José Sócrates]".
"O país perdeu três anos e vai perder mais um na construção do seu futuro porque temos um Governo barra coligação parlamentar que olha para o presente ponto. E olhar para o presente em 2019 é olhar para as eleições", disse Rio.
Depois de apontar números sobre a receita que diz que este Governo vai alcançar e, na sequência disso criticar que medidas sobre carga fiscal e de considerar que o executivo de António Costa está a optar por medidas "eleitoralistas" e "simpáticas", mas "avulsas" e "dispersas", o líder dos sociais-democratas anunciou que esta proposta "não pode merecer a concordância do PSD".
Já em resposta aos jornalistas, Rio frisou que Portugal "está a perder uma oportunidade de ouro" para fazer reformas estruturais.
"Não vou mentir. Em 2019 estaremos muito melhor do que estávamos no tempo da 'troika', mal fora se não fosse assim. Tivemos quatro anos de crescimento económico que podia ser muito maior do que aquilo que foi se a política do Governo, inclusive orçamental, tivesse sido outra coisa completamente diferente", disse o presidente do PSD.
"Mas vamos estar muito pior do que aquilo que podíamos estar e tínhamos obrigação de estar se os quatro orçamentos tivessem sido construídos a olhar para o investimento, para as empresas, reformas do Estado, reforma pública. Perdemos uma oportunidade de ouro", concluiu.
A votação final global do OE2019 está agendada para 29 de novembro, depois de na próxima semana a proposta ser apreciada na generalidade.
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