“O Governo não tem proposta de aumento salarial para 2021 concreta”, afirmou aos jornalistas o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, acrescentando que, no que diz respeito às questões gerais do documento que o executivo hoje lhes entregou, há “divergências à partida”.
A Frente Comum esteve reunida esta manhã com o Governo, que se fez representar pelo secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, e pelo secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, no Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, em Lisboa, no âmbito da primeira ronda de reuniões para a negociação coletiva geral anual.
“Saímos daqui com a sensação que vamos ter que lutar por esses aumentos e lutaremos, com certeza”, sublinhou Sebastião Santana.
“Essa proposta [de aumentos salariais] não veio hoje, mas há mais reuniões, pelo menos mais uma”, esclareceu.
Segundo o dirigente sindical, a proposta do Governo inclui um reforço de 8.400 trabalhadores para o setor da saúde e de 1.000 técnicos superiores.
A Frente Comum considerou a proposta “manifestamente insuficiente” e diz que não satisfaz a necessidade dos serviços da Administração Pública.
A estrutura sindical adiantou, ainda, que a proposta do Governo fala também em deslocalização de trabalhadores para o interior.
Quanto ao alargamento do subsistema de saúde ADSE a mais trabalhadores e a reformas antecipadas, outras das questões que poderiam estar em cima da mesa das negociações, Sebastião Santana disse também não ter sido apresentada qualquer proposta concreta.
A Frente Comum vai agora analisar o documento que recebeu hoje e reúne na sexta-feira o órgão máximo da estrutura sindical, para tomar uma posição sobre a proposta do Governo.
O Governo e os sindicatos da função pública iniciaram hoje a ronda de reuniões para a negociação coletiva geral anual, com os representantes dos trabalhadores a exigirem aumentos salariais em 2021.
Além do encontro de hoje, a convocatória enviada aos sindicatos prevê uma segunda reunião, a realizar em 09 de outubro, a poucos dias de o Governo entregar na Assembleia da República a proposta do OE2021.
No projeto de proposta de lei das Grandes Opções do Plano (GOP) para 2021 aprovado no dia 10 pelo Conselho de Ministros, o executivo mantém as prioridades para a Administração Pública, nomeadamente a “alteração da política de baixos salários, reposição da atualização anual dos salários e valorização da remuneração dos trabalhadores de acordo com as suas qualificações e reconhecimento do mérito”.
As atualizações anuais dos salários na função pública foram retomadas em 2020, após dez anos de congelamento, com aumentos generalizados de 0,3%, mas o Governo já admitiu que, devido à pandemia de covid-19, poderá não ser cumprido o compromisso anteriormente assumido de acréscimos de 1% em 2021.
No projeto das GOP, o Governo volta também a manifestar a intenção de “implementar políticas ativas de pré-reforma nos setores e funções que o justifiquem, contribuindo para o rejuvenescimento dos mapas de pessoal e do efetivo”.
Comentários