Os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia vão fazer uma greve de 31 de julho a 04 de agosto, em protesto contra o não pagamento desta especialização.
Em declarações hoje à agência Lusa, Ana Rita Cavaco disse que a Ordem dos Enfermeiros apoia a greve “por tudo o que se está a passar com os enfermeiros e no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Não entendemos esta birra. Achamos que é uma birra do Governo em não conseguir resolver e negociar com os sindicatos como faz com as outras classes profissionais. Não sei se existe algum problema por parte do Governo com os enfermeiros, mas se existe não devia existir porque são estes que estão 24 horas por dia nas instituições de saúde”, sublinhou.
A bastonária frisou que esta greve não é só dos especialistas, mas de todos os enfermeiros.
“Os enfermeiros estão a avançar para uma greve geral de cinco dias e isto nunca aconteceu. Somos 70 mil inscritos na Ordem, mais de 40 mil a trabalhar no SNS e a maior classe profissional do país. Se avançam com uma greve isso deveria fazer-nos pensar enquanto pessoas”, disse Ana Rita Cavaco.
Contactado pela agência Lusa, o gabinete do ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes disse "não comentar pré-anúncios de greve".
A Bastonária lembrou à Lusa que a greve é um “direito legal de qualquer profissão” e que como está na lei “vão ser cumpridos os serviços mínimos”.
Questionada sobre o facto de a greve dos enfermeiros estar marcada para uma altura em que os serviços estão com menos pessoal devido a férias, Ana Rita Cavaco disse que estes estão “desfalcados durante todo o ano”.
“Esta carência já se verifica há muito tempo. Há um ano e meio apresentámos uma proposta ao Governo séria e racional, com contas feitas, quanto custava contratar três mil enfermeiros por ano para colmatar os 30 mil que faltam em Portugal no sistema público”, disse.
Ana Rita Cavaco lembrou que os “enfermeiros não estão bem há muito tempo”, salientando que “86% da classe está a trabalhar em risco de ‘stress’ muito elevado e muitos deles até em exaustão”.
“Não estão em condições para eles próprios quanto mais para tratar das pessoas. Chega a haver um enfermeiro a trabalhar para cuidar de 20/40 doentes. Isto é que devia preocupar o país”, concluiu.
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, José Azevedo, anunciou na quinta-feira que o pré-aviso de greve vai ser hoje apresentado pela Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (FENSE).
Estes profissionais estão em protesto desde 03 de julho, recusando-se a prestar cuidados diferenciados, uma situação que, segundo Bruno Reis, porta-voz do movimento EESMO, está a afetar 15 hospitais.
Segundo a Ordem dos Enfermeiros, que apoia os profissionais neste protesto, existem cerca de 2.000 enfermeiros que, apesar de serem especialistas, recebem como se prestassem serviços de enfermagem comum.
Para dar voz a esta reivindicação, foi criado o movimento EESMO (Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia), o qual organizou no dia 29 de junho uma vigília frente à residência do primeiro-ministro
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