Em abril, a renda média em Nova Iorque para uma casa com um quarto ascendeu a 3,995 dólares (3764 euros), o que representa um aumento recorde de 38% face a 2021. Os dados são da Douglas Elliman, uma corretora imobiliária americana, e colocam os valores acima dos níveis pré-pandemia.

Segundo relata o Quartz, em Nova Iorque é comum os senhorios aplicarem uma regra para avaliar a capacidade económica dos potenciais inquilinos conhecida por “40x”. Na prática significa que para um inquilino ter capacidade económica para arrendar uma casa deve ter um rendimento anual 40 vezes superior ao valor da renda. Feitas as contas, aos valores médios atuais de rendas para um T1, um inquilino terá de ter um rendimento de cerca de 160 mil dólares (159,800 dólares, para sermos exatos, ou 150,560 euros).

Estes números compara com um rendimento médio em Nova Iorque de 67,046 dólares (63 mil euros) entre 2016 e 2020, ou seja menos de metade do valor que corresponde à regra das "40x".

A situação torna-se particularmente crítica numa cidade em que dois terços da população arrenda casa e apenas um terço é proprietário, o que é o dobro da percentagem média nacional de arrendatários.

O problema tende a agravar-se no verão, já que é uma altura em que mais pessoas se mudam para a cidade, nomeadamente estudantes e famílias com crianças que usam os meses de férias para mudar de casa.

A disputa por casas em abril fez inclusive que uma em cada cinco ofertas por um terminado espaço tivesse permitido aos proprietários obter valores 11% acima do preço que pediam quando, há um ano, os mesmos proprietários estavam a abrir mão do mês de caução para poder ter inquilinos.

São várias as explicações para o aumento do valor médio dos T1. Ou talvez seja melhor falar de teorias, como refere o Quartz. Uma delas prende-se com as separações de casais que foram forçados a viver 24 sobre 24 horas juntos durante a pandemia. Ao separarem-se, o tipo de casa mais comum que procuram é precisamente os T1.

Outra razão apresentada é o regresso ao escritório em grandes empresas, como os bancos de investimento, que levou as pessoas que lá trabalham a procurar casa e a estarem disponíveis a pagar mais pelos apartamentos assumindo que parte dos dias serão passados em casa no regime híbrido. A estas duas razões soma-se a distorção causada pelos arrendamentos no Airbnb.