“Por isso faz uma coisa que tenho a certeza que repugnaria Sá Carneiro [cuja morte se assinala hoje] e que me envergonha a mim, ou seja, programa de forma demográfica e populista a campanha eleitoral, instrumentalizando o Estado ao serviço dos partidos que o apoiam”, afirmou num almoço de homenagem a antigos autarcas sociais-democratas, em Chaves.
Perante centenas de pessoas, o líder social-democrata frisou que a lei diz que os governos estão obrigados a imparcialidade e isenção em período de campanha eleitoral, mas o Governo de António Costa “fá-lo, programa-o e anuncia-o com antecedência”.
“Vai haver campanha em setembro, então em agosto vai haver aumentos extraordinários das pensões e do subsídio das refeições, vai haver eleições em setembro ou outubro, então os precários vão entrar todos para o Estado, e isso não é bom”, entendeu.
O ex-primeiro-ministro considerou que uns acham que podem engordar o Estado porque outros lá hão de aparecer daqui a uns anos para pagar a fatura.
“Isto não é uma forma séria de tratar os portugueses”, sustentou.
E acrescentou: “este governo não quer crescer muito mais, foi uma ambição que abandonou há muito tempo, este governo só quer iludir as pessoas, julgando que com isso consegue conquistar votos”.
Na sua opinião, Portugal poderia estar a crescer “muito mais” e a pagar menos pelas dívidas que os outros contraíram no passado se seguisse “políticas realistas”.
“A crise ficou para trás em 2013, em 2014 crescemos, em 2015 crescemos mais do que agora, podíamos estar a crescer muito mais em 2016 e esperar crescer muito mais em 2017 caso as políticas corretas estivessem hoje a ser adotadas pelo atual governo”, realçou.
Passos Coelho adiantou que o PSD leva Portugal a sério, lição que aprendeu com Sá Carneiro, e não instrumentaliza o Estado, nem usa as pessoas para fins eleitorais e, se for preciso, enfrenta dificuldades pelo bem comum.
E concretizou: “fizemos muito quando estávamos no governo para que hoje o país pudesse respirar um bocadinho de alívio”.
Passos Coelho adiantou que muito do que fez “não tinha grande espaço de manobra” porque quando não há dinheiro “é assim”, mas muitas das reformas que levou a cabo enquanto governo foi para que o futuro dos portugueses fosse melhor.
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