António Saraiva, que lidera a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), adiantou, em conferência de imprensa, que “os pedidos extravasam o que está lançado e que por isso “é necessário que o Governo reforce ou lance outra linha”.

O responsável, que apresentou os resultados de um inquérito, realizado no âmbito do “Projeto Sinais Vitais”, desenvolvido pela CIP, em parceria com o Marketing FutureCast Lab do ISCTE, deu conta de que, dos pedidos efetuados pelas empresas que responderam a esse inquérito, apenas 3% já recebeu o financiamento.

Há uma “enorme burocracia” que leva a que a CIP tenha contabilizado que, das 43.830 candidaturas apresentadas globalmente, estavam aprovadas 16.708 e contratadas 505 até quinta-feira passada, referiu.

Por isso, António Saraiva pediu um “Simplex Covid” para agilizar o recebimento destas verbas.

“É fundamental, necessário e urgente que se salvem empresas e postos de trabalho, dando liquidez para que se possam manter”, referiu, recordando que no dia 01 de abril a CIP pediu isso mesmo ao Governo, garantindo que só assim se salvam perto de 500 mil empregos.

O inquérito, realizado entre 28 e 30 de abril a uma amostra de 1.582 empresas, mostra que um terço já pediu financiamento bancário e que 40% “não pediu nem pensa vir a pedir”.

Segundo este estudo, “56% das empresas que já solicitaram financiamento bancário, recorreram à linha de crédito Capitalizar e 38% “solicitaram apoio à linha do apoio à indústria/apoio à atividade económica”.

Além disso, 3,4% das empresas que pediam o apoio viram o banco recusar o mesmo, sendo que as instituições queriam, em 18,4% dos casos, garantias dos empresários. Metade das empresas inquiridas mantêm-se abertas e 16,4% totalmente encerradas, de acordo com os resultados deste barómetro.

O presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado, alertou, durante a mesma conferência de imprensa, para que, “não havendo dinheiro para os fornecedores”, se está “a criar um efeito dominó”.

“Será inevitável, se não chegar ajuda às empresas, que possa haver algum atraso nos pagamentos”, referiu.

António Saraiva defendeu ainda “que o Governo terá que se esforçar” para pedir mais verbas a Bruxelas para fazer face aos pedidos crescentes, lembrando que já há autorização para perto de 13 mil milhões de euros.