“É uma quebra de PIB que confirma aquilo que já se sabia. Tivemos nos meses de abril e maio uma queda muito acentuada da atividade económica, com uma grande quebra do consumo privado, do investimento, mas, sobretudo, uma grande quebra das exportações”, disse o ministro da Economia, adiantando que estes fatores "explicam a quebra do produto no segundo trimestre”.

De acordo com Pedro Siza Vieira, a quebra portuguesa "também é explicada pelas quebras muito significativas em toda a Zona Euro, e particularmente para os países que são os maiores clientes das nossas exportações”, citando exemplos como Espanha, Itália, França e Alemanha, que tiveram "quedas superiores às que eram estimadas”.

"Refletindo o impacto económico da pandemia, o PIB registou uma forte contração em termos reais no 2.º trimestre de 2020, tendo diminuído 16,5% em termos homólogos, após a redução de 2,3% no trimestre anterior", pode ler-se numa estimativa rápida hoje divulgada pelo INE.

No trimestre em que se registou a maior queda de sempre do PIB português em termos homólogos face ao ano anterior, a queda em cadeia - relativamente ao primeiro trimestre do ano - foi de 14,1%, adiantou também o INE.

O ministro diz que Portugal não foi apanhado de surpresa, argumentando que "ao contrário do que se sucedeu noutros países, a queda do PIB no segundo trimestre em Portugal está alinhada com as previsões que a Comissão Europeia divulgou no início de julho”, situando a quebra nos 14% entre trimestres.

Se por um lado, Siza Vieira adiantou que "em junho, a economia já teve uma ligeiríssima recuperação” que antecipa um maior crescimento no terceiro trimestre, por outro, o ministro diz que o Governo está a monitorizar a situação e que estes números "vão obrigar a refletir sobre as projeções que constam do Orçamento Suplementar".

“Vamos continuar atentos aos próximos tempos. É de esperar que neste trimestre já teremos um crescimento relativamente ao segundo trimestre. Vamos ver qual é o ritmo de crescimento da economia nestes próximos meses e até ao final do ano para tentar perceber qual será, no conjunto do ano de 2020, o impacto desta pandemia na economia”, disse aos jornalistas.

“Quebra muito abrupta no segundo trimestre, recuperação no terceiro e no quarto trimestre, vamos ver a que ritmo”, resumiu.

No que toca à saúde das empresas, o governante recordou que "o Governo desde março tem estado a adotar um conjunto de medidas que visam atenuar o impacto maior desta crise no emprego e na situação das empresas”, e prometeu novas medidas, apesar de não mencionar quais.

“Durante os próximos meses iremos tomar medidas que visam, por um lado, continuar a apoiar as empresas relativamente ao alívio de um conjunto de custos importantes, continuar a apoiar o rendimento dos trabalhadores que perderam o emprego ou que não têm acesso ao subsídio de desemprego e continuar a manter o alívio relativamente ao sistema bancário”, disse Pedro Siza Vieira.

Estes apoios terão como objetivo “ permitir que a retoma seja feita da forma menos dolorosa possível”, disse o ministro. Todavia, Siza Vieira admite que há empresas que poderão não resistir às adversidades económicas com que se têm deparado e que ainda vão enfrentar.

“Não ignoramos que é provável que algumas empresas não consigam aguentar e que com isso haja um crescimento de insolvências e de desemprego”, disse o ministro, considerando a situação "expectável mas lamentável face à dimensão da quebra que tivemos no trimestre anterior”.

Para as empresas poderem munir-se de recursos para combater a crise, o ministro recordou que nem todas vão estar em pé de igualdade para obter apoios pois não estão todas na mesma situação e assim terão de "de avaliar quais das medidas a que podem recorrer mais ajustadas à sua situação específica.”

“Perante a magnitude da quebra da receita, todos os apoios públicos são insuficientes. Nós não conseguimos compensar as empresas, manter o nível das receitas das empresas àquele que anteriormente tinham. O que estamos a tentar fazer é disponibilizar às empresas portuguesas um conjunto e uma panóplia alargada de apoios que poderão escolher em função da sua situação específica”, adiantou.

Em comunicado, o Ministério das Finanças lembrou também que a contração muito acentuada da economia no segundo trimestre se está verificar em todo o mundo e está em linha com a queda verificada nos nossos principais parceiros económicos como Espanha (22,1%), França (19%) e Itália (17,3%).

“Esta redução muito acentuada do PIB no segundo trimestre reflete o impacto provocado pela pandemia de COVID-19 e está associada ao período de maior recolhimento do estado de emergência, que vigorou entre 18 de março e 2 de maio, e das restantes medidas de proteção sanitária implementadas e consequente queda da atividade económica”, refere.

Nas últimas semanas, acrescenta, “os indicadores económicos de alta frequência apresentam já sinais de uma recuperação progressiva da atividade económica”.