De acordo com a análise “Desemprego em Portugal e na Europa: quão penalizados estão a ser os jovens?”, embora Portugal seja um dos países onde a taxa de desemprego da população total se situe abaixo da média europeia, no caso do desemprego jovem é superior à média dos 27 Estados-Membros.
Em 2021, o desemprego jovem em Portugal, relativo à faixa etária entre os 15 e os 24 anos, representava 23 %.
“Os países com maiores percentagens de desemprego jovem são a Grécia, Espanha (ambos acima de 30 %), Itália, Suécia, Portugal, Croácia, Roménia e Eslováquia (acima de 20%). No entanto, todos os países, à exceção da Grécia e de Espanha, apresentam percentagens inferiores a 10 % para o desemprego total, ilustrando como o desemprego jovem é substancialmente superior ao desemprego total”, é referido no mesmo estudo.
Os países com os valores mais reduzidos de desemprego nessa faixa etária são a Alemanha, a República Checa, a Suíça e os Países Baixos.
O documento sublinha que a comparação entre a taxa de desemprego jovem e na população em geral na Europa difere “significativamente em todos os países europeus, assumindo a taxa de desemprego jovem valores mais elevados que a taxa de desemprego total em todos os países em análise, com maior intensidade nos países da Europa do Sul”.
A observação feita pelos investigadores constata que quanto mais elevado é o desemprego total em cada país, mais elevado é o desemprego jovem.
O estudo, da autoria de Inês Tavares e Renato Miguel do Carmo, faz uma análise ao período pandémico, provocado pela covid-19, e constata que enquanto o desemprego total diminuiu comparativamente com a média europeia, o desemprego jovem continuou bastante superior.
“O desemprego jovem em Portugal tem vindo a aumentar desde 2019, fenómeno que não se verifica nem no caso da UE27, nem na taxa de desemprego total portuguesa ou europeia, o que pode indicar que as consequências da pandemia covid-19 ainda se fazem sentir na taxa de desemprego jovem portuguesa, mas em mais nenhum dos indicadores em análise”, aventam os autores do estudo.
Na análise é indicado que 2012 e 2013, os dois primeiros anos da crise económica, e 2021, coincidente com a pandemia, são os períodos, desde 2010, em que o desemprego jovem aumentou em Portugal consistentemente em relação à média europeia.
Segundo o estudo do Observatório das Desigualdades, trata-se de um indicador de que, em contexto de crise económica e social, “os jovens são (ainda) mais penalizados com o desemprego em Portugal, resultado que não sucede de forma tão proeminente quando se considera a média dos países da UE27”.
Em contexto de pandemia, Portugal foi um dos países em que a taxa total de desemprego baixou, mas em que o desemprego jovem aumentou 5,1 pontos percentuais.
A mesma análise conclui ser transversal nos países da União Europeia, à exceção do Chipre, os jovens com maiores taxas de desemprego serem os que têm apenas o ensino básico.
“Quanto mais escolaridade os jovens possuem, menores são as suas taxas de desemprego”, enfatiza o estudo, realçando “a heterogeneidade” sobretudo nos países do sul da Europa, onde é apresentado como exemplo a Grécia, “país no qual as taxas de escolaridade são relativamente elevadas, porém, apresenta os maiores níveis europeus de desemprego jovem”.
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