O dramatismo da queda é ilustrado pelos valores: a cotação do barril de referência dos EUA, o West Texas Intermediate (WTI), para entrega em maio, estava em 35,20 dólares negativos, às 14:30 (19:30 de Lisboa). Esta diferença é quase de 60 dólares em relação ao início do ano, antes de o confinamento das populações ter abalado o mundo e paralisado fábricas, escritórios e veículos automóveis, e de quase 100 dólares face a abril de 2019 quando cotava a 68,58 dólares por barril.

Muita da queda hoje verificada é atribuível a razões técnicas — o período de negociação dos contratos para entrega de petróleo em maio está perto do seu fim, o que reduz o seu volume e pode exacerbar a variação da cotação. Mas os preços para entregas para meses posteriores, que tiveram maiores volumes negociados, também caíram. Por um lado, a procura de petróleo colapsou - os transportes estão em atividade mínima, bem como as indústrias e a maior parte da atividade diária normal - e, por outro, as instalações de armazenagem do petróleo estão quase cheias. Ou seja, não há muito mais espaço para guardar petróleo, o que significa que quem o detém tem de o conseguir vender mesmo que com elevadas perdas. Para muitos será avaliar qual a perda maior: vender a preços negativos, algo inédito, ou pagar para guardar, a preços incomportáveis ou mesmo sem oferta disponível.

Os depósitos podem atingir os seus limites dentro de três semanas, segundo Chris Midgley, analista-chefe da S&P Global Platts. E os envolvidos nas transações (traders) estão dispostos a pagar a alguém que fique com este petróleo para entrega em maio e transferir este peso de procurar solução para o que fazer com ele.

Já o preço do barril WTI para entrega em junho, que apresenta um preço mais ‘normal’, caiu 16,5%, para 20,90 dólares por barril.

Os grandes produtores de petróleo têm anunciado cortes na produção, com a esperança de equilibrar melhor a oferta com a procura, mas muitos analistas dizem que não é suficiente. “Basicamente, os ursos estão à procura de sangue”, comentou o analista Naeem Aslam, da Avatrade, num relatório.

“A acentuada queda no preço deve-se à falta de procura suficiente e à falta de capacidade de armazenagem, uma vez que os cortes na produção não conseguiram resolver o excesso da oferta”, especificou.

A Halliburton evoluiu na bolsa entre acentuados ganhos e perdas, mesmo depois de ter apresentado resultados no primeiro trimestre acima do esperado pelos analistas.

Os dirigentes deste grupo de engenharia petrolífera consideraram que a pandemia criou tanta perturbação que “não se pode estimar com razoabilidade” quanto tempo vai durar.

Para o conjunto do ano 2020, e em especial com referência aos EUA, a Halliburton espera uma descida em receitas e rentabilidade.

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