Considerando que “não há um plano A ou B” para o grupo SATA (que detém a marca Azores Airlines para os voos para fora da região), Ana Cunha afirmou que o processo de privatização “será um dos cenários que estão em cima da mesa”.

“Não está, de forma alguma, o futuro da SATA dependente deste processo de privatização”, referiu, para reforçar que é “absolutamente prematuro tecer considerações acerca do processo”.

A governante falava aos jornalistas, em Ponta Delgada, após a apresentação do novo conselho de administração do grupo.

A transportadora islandesa Loftleiðir Icelandic apresentou em julho uma proposta para a aquisição de 49% do capital social da SATA Internacional - integrando os voos de e para fora do arquipélago - após ter sido pré-qualificada na primeira fase do processo.

Há um mês, a 26 de junho, a transportadora aérea Loftleiðir Icelandic tinha pedido mais 30 dias de prazo para preparar e apresentar uma proposta vinculativa para a compra de 49% da Azores Airlines.

Em declarações à agência Lusa, em 23 de abril, Erlendur Svavarsson, vice-presidente da Loftleiðir Icelandic, do grupo Islandair, disse que a operadora ainda não tinha decidido se iria entrar na segunda fase do processo de alienação da transportadora aérea açoriana.

O grupo SATA anunciou a 17 de abril que a empresa foi pré-qualificada para a segunda fase do processo de negociação da alienação de 49% do capital social da Azores Airlines.

Segundo o grupo, ficou pré-qualificado o único potencial comprador que apresentou manifestação de interesse.

Ana Cunha adiantou que a análise à proposta apresentada não tem um prazo estabelecido, mas o que “for necessário para fazer uma cabal e eficaz análise daquilo que foi apresentado pelo concorrente”.

De acordo com o caderno de encargos da alienação de capital da operadora açoriana, o futuro acionista da Azores Airlines terá de “respeitar obrigatoriamente” a manutenção do plano de renovação da frota iniciado com o A321 NEO.

O candidato terá ainda de promover o “cumprimento da operação aérea regular mínima”, sendo que esta contempla as ligações entre o continente e os Açores, nomeadamente as rotas liberalizadas entre Ponta Delgada e Lisboa, Ponta Delgada e Porto, Terceira e Lisboa, e Terceira e Porto.

Este interessado tem ainda de assegurar as ligações de obrigação de serviço público entre Lisboa e Horta, Lisboa e Pico, Lisboa e Santa Maria, Ponta Delgada e Funchal, bem como a ligação de Ponta Delgada com Frankfurt, a par das rotas a partir da Terceira e Ponta Delgada com Boston e Oakland, nos Estados Unidos, e Toronto, no Canadá.

SATA Air Açores com crescimento de 53% no número de passageiros entre 2012 e 2017

O número de passageiros movimentados pela SATA Air Açores, empresa do grupo SATA, em 2017 atingiu os 1,3 milhões, um crescimento de 53% face ao ano de 2012, disse hoje a titular da pasta dos Transportes do Governo dos Açores.

Ana Cunha citou números do Serviço Regional de Estatística dos Açores para referir que em 2012 o total de passageiros movimentados nos voos inter-ilhas foi de 892 mil.

No mesmo período, ainda segundo a secretária regional, a carga embarcada e desembarcada nos voos inter-ilhas da companhia pública cresceu 28%, passando-se das três mil para 3,8 mil toneladas.

Verificou-se um “crescimento de taxas significativo” nos passageiros movimentados nos voos territoriais, que se realizam entre a região e o continente português (670 mil para 1,4 milhões), e nas ligações internacionais (246 mil para 415 mil).

Ana Cunha referiu que a SATA Internacional não foi a única responsável pelo crescimento do número de passageiros movimentados nos voos territoriais e internacionais, uma vez que existem outras companhias aéreas a operarem nestes mercados, mas ressalvou que o número de lugares utilizados nas rotas da Sata de e para os Açores, em 2012, totalizava 581 mil passageiros contra 929 mil em 2017 (mais 348 mil lugares utilizados).

Apesar de o grupo SATA ser de “importância essencial” para os Açores, a secretária regional referiu que “não podem restar dúvidas em quem quer que seja que é a SATA que deve estar ao serviço dos Açores e dos açorianos e não os Açores e os açorianos que devem estar ao serviço da SATA”.

Para a governante, e perante as exigências que são feitas nos Açores, não se pode esquecer que a companhia “só pode servir os açorianos se for autossustentável e se souber posicionar-se num mercado concorrencial cada vez mais global”.

O novo presidente do conselho de administração do grupo SATA, António Teixeira, considerou, por seu turno, que “bater mais na SATA é uma estratégia errada” e deixou a mensagem de que vai “tentar inverter” a situação económica e financeira da companhia, que considerou “fundamental para os Açores, açorianos e diáspora”.

A transportadora, sublinhou, é também fundamental para impulsionar o setor turístico da região.

Além do seu presidente, a nova administração da SATA é composta pelos vogais Maria da Silva Azevedo e Vítor Manuel de Jesus Francisco Costa.