Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), citado pelo Jornal de Notícias, refere que "já se notam descidas nos valores nos portais de anúncios de imóveis, mas, mais importante, tornou a aparecer produto para o mercado médio e médio-baixo". Segundo o portal Imovirtual, é no interior e no Sul que a tendência é mais acentuada. Em Lisboa e no Porto continuam as rendas médias mais elevadas.

Segundo o barómetro de maio, os preços das rendas médias em Portugal já desceram 17,7% face a maio do ano passado. A nível regional, esta quebra foi maior em Portalegre, Faro e Évora. As rendas em Lisboa subiram 0,5%, apesar da pandemia, enquanto no Porto os valores diminuíram 4,3%.

Mas, em concreto, o que mudou? "Não havia, por exemplo, um T1 no Porto com uma renda de 350€ ou 400€" e isso "já começa a aparecer", em parte devido à incerteza gerada pela pandemia e também pela transferência do alojamento local para o arrendamento de longa duração, explica Luís Lima ao JN.

Para o presidente da APEMIP, a melhor opção agora é "arrendar já a longo prazo, com um desconto de 20% ou 30%, sem risco, em vez de esperar e acabar por ter de aceitar um valor mínimo", referiu, considerando que "o alojamento local vai demorar dois ou três anos a recuperar" e, por outro lado, que "os estrangeiros que pagavam as rendas altas não vão voltar tão cedo".

Mesmo nas vendas a situação poderá ser vantajosa. "Na compra e venda também não havia produto para o mercado médio e médio-baixo e este não precisa de baixar preços, precisa de aparecer. Já no segmento alto, acredito que vamos ver descontos de 20%. Se as pessoas tiverem paciência, daqui a seis meses o mercado vai nivelar-se e vamos ter oportunidades de negócio muito interessantes", frisou.

Conversão de alojamento local em arrendamento acessível vai custar 17,4 milhões de euros por ano

O Governo estima um investimento anual de 4,5 milhões de euros nas comparticipações do programa de conversão do alojamento local em arrendamento acessível, no âmbito da atual "crise habitacional", a que acrescem 12,9 milhões de benefícios fiscais.

Segundo o Programa de Estabilização Económica e Social, publicado em Diário da República no sábado à noite, o financiamento é proveniente do Orçamento do Estado e a medida — que já tinha sido anunciada pelo Governo na quinta-feira, sem referência a verbas — é um complemento à "mobilização do património público".

"É uma solução eficaz e rápida face à urgência de resposta à crise habitacional, com o benefício adicional de aumentar as opções disponíveis aos proprietários de alojamento local que se encontrem em dificuldade", refere o programa.

O plano será concretizado através do apoio a programas municipais de arrendamento para subarrendamento a preços acessíveis, com uma comparticipação a 50% da diferença entre a renda paga e a renda recebida.

"Acresce a verba não coletada por via da isenção de tributação em sede de IRS/IRC concedida pelo Programa de Arrendamento Acessível", indica o executivo, referindo-se aos impostos sobre os rendimentos singulares ou coletivos.

No total, o programa — cuja duração não é apontada — tem um peso de 17,4 milhões de euros por ano nos cofres do Estado.

O Governo admite que as dificuldades de acesso à habitação atingem hoje "segmentos da população com rendimentos intermédios, que até recentemente conseguiam encontrar no mercado habitação a custos compatíveis face aos seus rendimentos".

É referido, por outro lado, que a dificuldade de acesso à habitação é "mais premente nas áreas com maior atratividade turística".