O CFP divulgou hoje o relatório Finanças Públicas: Situação e Condicionantes 2018-2022, estimando défices orçamentais abaixo dos previstos pelo Governo em 2017 (1% contra 1,1%) e em 2018 (0,7% contra 1,1%) e excedentes orçamentais a partir de 2020.

"O risco mais importante ainda continua a ser o risco político. Nós vimos sempre no passado que, quando as coisas correm bem, quando se começa a reduzir o défice orçamental e a Comissão Europeia se dá por satisfeita, nós achamos que temos espaço para aumentar as despesas de qualquer maneira. Nós temos efetivamente capacidade para aumentar despesas, mas temos de ter muito cuidado com aquilo que devemos fazer", alertou Teodora Cardoso.

Entre os riscos para as contas públicas estão pressões do lado da despesa, sobretudo no setor da saúde (com aumento dos pagamentos em atraso e envelhecimento), com o descongelamento de carreiras, que "deveria ser incorporado numa revisão de facto", com as pensões e com eventuais apoios ao sistema financeiro.

Na quarta-feira, o ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu que "começa a ser fastidioso" ter de comentar notícias positivas, como a mais recente emissão de dívida a 10 e a 27 anos, com as taxas de juro mais baixas de sempre.

Confrontada com esta declaração, Teodora Cardoso disse que "é preciso ter cuidado com esse tipo de otimismo", lembrando a volatilidade dos mercados financeiros.

"Se a taxa de juro sobe não vamos dizer que a política esta errada, mas também não vamos dizer que, só porque ela desceu, está tudo magnífico, convém equilíbrio nessas avaliações", acrescentou.