De acordo com o Axios, website noticioso norte-americano, a Assembleia Legislativa da Califórnia está a considerar redigir uma lei para reduzir a semana de trabalho a quatro dias.

A acontecer, o projeto-lei AB2932 “mudaria a definição de uma semana de trabalho das atuais 40 horas para 32 horas para empresas com mais de 500 trabalhadores”, escreve o jornal San Francisco Chronicle, adiantando ainda que tal legislação “obrigaria as empresas a pagar horas extraordinárias no caso de fazer os funcionários trabalhar mais do que quatro dias por semana”.

A medida tem sido defendida como promotora de um aumento da produtividade dos trabalhadores, além de beneficiar a sua saúde mental e física e de permitir um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

De resto, a medida de reduzir a semana de trabalho a 32 horas foi já proposta pelo congressista democrata Mark Takano na Câmara dos Representantes em julho de 2021. Esta alteração tem também sido alvo de algum lobbying político, nomeadamente da iniciativa não-governamental 4 Day Week Global, que diz ter apurado que “63% das empresas descobriram ser mais fácil atrair e reter talento com uma semana de quatro dias”.

“Estamos perante uma convulsão económica, política e social”, disse Takano ao The New York Times, defendendo que a vida profissional em pandemia demonstrou ser possível mudar os modelos de trabalho para opções mais flexíveis e que os norte-americanos “não querem regressar ao velho normal de sempre”.

Os detratores desta redução do número de horas de trabalho consideram a alteração um potencial desastre financeiro para as empresas, antevendo que serão forçadas a pagar mais por horas extraordinárias e a contratar mais pessoas.

No entanto, há cada vez mais empresas a experimentar este modelo temporariamente, como a Toshiba, a Kickstarter, a Shopify, a Panasonic e a Unilever. No Reino Unido, um projeto piloto supervisionado pelas Universidades de Oxford e Cambridge, assim como pelo Boston College nos EUA, vai ter início em junho, abrangendo 3,000 trabalhadores em 60 empresas que vão optar pela semana de quatro dias.

Outras, porém, já optaram em definitivo por esta mudança. A fintech norte-americana Bolt experimentou o modelo durante três meses e, neste período, as candidaturas de emprego dispararam 40%. Já o Atom Bank, um banco online britânico com 430 trabalhadores, fez a alteração já em novembro de 2021, permitindo-lhes folgar à segunda ou à sexta-feira.

Se a semana de trabalho reduzida ainda é uma miragem na Califórnia, há países onde a medida já começou a ser implementada, como na Bélgica, apesar de aqui não haver uma redução de horas, mas a sua redistribuição por quatro dias se os trabalhadores assim entenderem. Já na Islândia houve o teste de reduzir o número de horas de 40 para 35, mas mantendo os mesmos salários; os resultados foram tão positivos que os sindicatos e as associações profissionais conseguiram negociar uma redução permanente de horas, medida que agora abrange 86% dos trabalhadores, escreve a Deutsche Welle.

Em Portugal, o programa eleitoral do PS para as legislativas deste ano incluiu a proposta de “ponderação de aplicabilidade em diferentes setores das semanas de quatro dias”. De resto, também BE, PCP, PAN e Livre defendem a redução das horas semanais de trabalho de 40 para 35.

No entanto, as confederações patronais já fizeram saber que, apesar de não se oporem por princípio à proposta do PS, consideram que não tem exequibilidade num futuro próximo, citando a baixa produtividade do setor empresarial e a necessidade de recuperação económica como causas.

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