No final de uma audiência com a Confederação do Turismo Português (CTP), Rui Rio não quis fazer uma apreciação sobre o plano de reestruturação do Governo da companhia aérea, dizendo que apenas hoje será apresentado ao PSD, numa reunião pelas 15:30.

No entanto, o presidente do PSD exigiu ao Governo que dê garantias aos portugueses que, se injetar “mais 3 mil milhões de euros, 300 euros por cada português”, a empresa não terá os mesmos problemas do passado, referindo-se, por exemplo, a greves por aumentos salariais ou “à desigualdade” no acesso ao ‘lay off’ dos trabalhadores da TAP em relação aos restantes portugueses.

Questionado se o PSD defende a liquidação da empresa caso o plano não dê essa segurança, Rio respondeu afirmativamente.

“Sim, se o plano de reestruturação não conseguir ter respostas capazes que nos garantam que de futuro não será igual ao que tivemos no passado, isso é evidente. Ter no futuro o que tivemos no passado, acho dramático para as finanças públicas portuguesas”, respondeu.

Instado a concretizar que garantias pede ao Governo, o presidente do PSD considerou que é o executivo que tem de dar respostas de que existe “um plano de reestruturação razoavelmente bem feito e minimamente credível”.

“É o Governo que tem de nos convencer - a nós, ao PSD, e ao país - que se agora meter 3 mil milhões de euros e cada português der mais 300 euros, de futuro acabou e a TAP passa a ser uma empresa rentável”, afirmou, salientando que, mesmo quando o turismo “estava em alta, a TAP continuava dar prejuízo”, disse.

Rio congratulou-se que o Governo tenha “recuado” na alegada intenção de levar a votos no parlamento o plano de reestruturação da TAP e considerou que o executivo será o responsável máximo pela decisão que tomar sobre o futuro da companhia.

“Qual a segurança que o país pode ter que vai meter tanto dinheiro outra vez na TAP e que, passado uns meses não vai ter greves de uns e de outros, como é todo o historial da TAP ao logo dos anos?”, questionou, acrescentando ainda que, nos recentes processos de ‘lay off’, a empresa decidiu não aplicar os mesmos cortes salariais que tiveram todos os outros trabalhadores.

Rui Rio frisou que foram questões como estas que levaram o anterior Governo PSD/CDS-PP a privatizar a empresa, lamentando que o atual executivo socialista tenha revertido essa decisão.

“Só agora, neste plano, são 3 mil milhões euros, são 300 euros por cada português em média. Se a isto somarmos o Novo Banco e estes buracos uns atrás dos outros, os portugueses andam a pagar muito mais para isto do que para o sistema de saúde e educação (…) Tem de haver moralidade e os portugueses não podem andar de joelhos a pagar isto tudo”, apontou.

O Governo está a discutir o plano de reestruturação da TAP com os partidos com assento parlamentar, em reuniões fechadas no parlamento entre quarta-feira e hoje, depois de ter estado reunido na noite de terça-feira em conselho de ministros extraordinário.

A apresentação do plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia até hoje é uma exigência da Comissão Europeia, pela concessão de um empréstimo do Estado de até 1.200 milhões de euros, para fazer face às dificuldades da companhia, decorrentes do impacto da pandemia de covid-19 no setor da aviação.

O plano prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, divulgaram os sindicatos que os representam.