O aumento de 125% nos direitos aduaneiros, anunciado na quarta-feira por Donald Trump relativamente à China, vem juntar-se aos 20% já em vigor desde o início de março, no âmbito do combate ao tráfico de fentanil, um potente opioide responsável por uma grave crise de saúde pública nos Estados Unidos, de acordo com o texto do decreto.

O documento pormenoriza as condições de aplicação da nova ofensiva contra a China, anunciada na véspera, e confirma igualmente a suspensão parcial de algumas taxas dirigidas a outros países.

A Casa Branca indicou à cadeia de televisão CNBC que há ainda a acrescentar as tarifas já em vigor antes do regresso de Trump à Presidência dos Estados Unidos.

Um responsável confirmou à cadeia televisiva que esta tarifa se soma aos 20% já em vigor antes de o republicano ter iniciado uma guerra comercial com praticamente todos os países do mundo, no início deste mês.

A China é o único país que o magnata nova-iorquino excluiu da trégua de 90 dias decretada na quarta-feira, enquanto decorrem negociações com os restantes parceiros comerciais.

Para Trump, Pequim demonstrou uma “falta de respeito pelos mercados”.

Antes deste último aumento, o gigante asiático já estava sujeito a uma tarifa de 104% e tinha imposto medidas retaliatórias contra os Estados Unidos para igualar esse valor.

O Governo chinês afirmou ter “uma vontade firme” e “recursos abundantes” para responder “com determinação”, caso os Estados Unidos insistam em “intensificar ainda mais medidas económicas e comerciais restritivas”.

“Nalgum momento, e espero que num futuro próximo, a China vai perceber que os tempos em que enganava os Estados Unidos e outros países já não são sustentáveis nem aceitáveis”, escreveu Trump, na sua rede social Truth Social.

No passado fim de semana, o Presidente norte-americano explicou que esta troca de tarifas entre Washington e Pequim inviabilizou um princípio de acordo relativo às operações da plataforma digital TikTok em território norte-americano.

“Tínhamos um acordo com a TikTok — praticamente não era ainda um acordo, mas estava bastante próximo — e depois a China alterou-o por causa das tarifas”, declarou Trump à comunicação social a bordo do avião presidencial Air Force One.

“Se tivesse reduzido ligeiramente as tarifas, eles teriam aprovado o acordo em 15 minutos, o que demonstra o poder das tarifas”, acrescentou.

Desde que chegou à Casa Branca para o segundo mandato, a 20 de janeiro deste ano, o Presidente republicano procura um acordo que permita o funcionamento da aplicação de vídeos nos Estados Unidos.

Uma lei aprovada pelo anterior Congresso, que entrou em vigor no dia em que foi empossado, obriga a plataforma a desvincular-se da empresa-mãe, a chinesa ByteDance.

Uma das primeiras ordens executivas assinadas por Trump foi no sentido de prolongar este prazo por 75 dias, para encontrar uma solução e permitir, entretanto, que a plataforma continuasse a funcionar. Na passada sexta-feira, um dia antes de terminar o prazo, o Presidente assinou nova ordem com a mesma duração.