Em declarações à agência Lusa, Francisco Figueiredo, da FESAHT, criticou “o modelo de contratações de trabalhadores” que está hoje “maioritariamente em vigor nesta área”, apontando que “funcionários com 15, 18 e mesmo 20 anos de trabalho nas mesmas funções são sujeitos todos os anos a novos contratos com vínculos a termo”.
“Não é compreensível que esta precariedade vigore. A jornada de luta tem como objetivo alertar para as condições de incerteza a que são expostos estes trabalhadores. [Com a realização deste protesto] os trabalhadores vão exigir a reposição dos direitos e a passagem ao quadro da empresa como trabalhadores efetivos”, referiu Francisco Figueiredo.
A concentração de protesto está marcada para terça-feira de manhã, na Senhora da Hora, no concelho de Matosinhos, distrito do Porto, junto aos escritórios da empresa Uniself na região Norte.
De acordo com a FESAHT, a Uniself explora cerca de 300 cantinas das escalas do 2.º ciclo, ou seja, secundárias e EB 2-3 da alçada da Direção Regional de Educação do Norte, as quais empregam “mais de 1.000 trabalhadores”, mas o responsável sindical aponta que existem situações semelhantes em escolas de outros pontos do país.
A FESAHT acusa a empresa de “não pagar os direitos devidos aos trabalhadores”, apontando para “diferenças de 400/600 euros a menos a cada trabalhador”.
“Os sindicatos estão a fazer reclamações individuais, mas isso leva o seu tempo. Estamos a falar de centenas de pessoas. Acresce que em período de pandemia [da covid-19] a empresa obrigou os trabalhadores a férias forçadas e, entretanto, diminuiu-lhes os direitos e os pagamentos que lhe são devidos”, disse Francisco Figueiredo.
Já em comunicado, a FESAHT diz que a Uniself “ganhou este concurso para mais dois anos letivos” e “não pagou devidamente aos valores referentes às férias, subsídio de férias, subsídio de natal, compensação por caducidade e a muitos trabalhadores”.
A federação estima que tenha sido deduzido ilegalmente valores de 150/250 euros a título de férias gozadas a mais.
“Os trabalhadores estão em ‘lay-off’ há quatro meses consecutivos, muitos deles perderam centenas de euros no salário todos os meses, vivem uma situação muito difícil, esta diferença nos direitos vem agravar a já muito débil situação económica dos trabalhadores”, lê-se ainda na nota da federação.
A agência Lusa contactou a Uniself, mas até ao momento não obteve resposta.
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